O consagrado comunicador Válter Forster, apresentador de um programa diário na Rádio Nacional de São Paulo, líder de audiência nas manhãs paulistanas, tinha como principais atrações, boas notícias de interesse público e excelentes histórias da vida real que atraiam um grande público, assim como este nosso blog "João Rocha - Umas & Outras" (modéstia à parte).
Numa certa manhã, Forster, que terminou a vida como ator de novelas (faleceu há alguns anos), contou esta que me ficou na memória: "No século passado, até por volta de 1950 por aí, os professores das escolas públicas e privadas usavam a palmatória para castigar os alunos que não acertavam os quesitos nas sabatinas. Cada erro cometido pelo aluno valia três bolos de palmatória. Os mais inteligentes sofriam pouco ou quase nada e os menos aplicados chegavam a ficar de mãos inchadas de tanto golpe de palmatória. As notas do meio e do fim do ano que aprovavam ou não os alunos, eram dadas por bancas examinadoras da secretaria e do ministério da educação que em número de três ou quatro professores especialistas, mais ou menos, compareciam às escolas para fazer os testes com os estudantes.
Numa escola do interior, já no fim de mais um ano, os examinadores chegaram cedo da manhã para testar a turma. A professora chamou ao lado os educadores para uma rápida conversa. E explicou: "Eu tenho aqui um jovem de oito anos que é o mais inteligente de todos. Para responder as perguntas ele sempre diz, "depende". Por isso ficou conhecido por "Zé Depende", apelido que ganhou dos colegas. Os professores deixaram para examiná-lo por último. O menino, meio pálido, calado, sentado na última fila, acompanhava o desenrolar da sabatina. Então chegou a vez dele. O professor chamou-o dizendo:
- Você é o "Zé Depende". É a sua vez. Vou lhe fazer a primeira pergunta: Quanto são dois mais dois? O Zé respondeu: "Depende, se for horizontal são quatro, se for vertical são vinte e dois".
- Muito bem, disse o educador. Segunda pergunta: Quantos braços tem São Francisco? "Depende", disse o Zé: "Se for o santo são dois, se for o rio são trinta e seis.
- Ótima resposta, disse o mestre. Vou fazer a última pergunta. Quantos são os mandamentos da Lei de Deus? Resposta do Zé:
"Depende". Se for para o homem são dez, para a mulher são nove".
- Explique, pediu o examinador. Resposta do Zé: "No nono mandamento diz que o homem não deve desejar a mulher do próximo. Logo, uma mulher não vai desejar outra mulher".
O professor aplaudiu o "Zé Depende", dando-lhe a nota máxima: dez. Os colegas o aplaudiram de pé, com vivas e parabéns.
FOI A ÚLTIMA AULA DO ANO. O Zé saiu nos braços da estudantada.
Numa certa manhã, Forster, que terminou a vida como ator de novelas (faleceu há alguns anos), contou esta que me ficou na memória: "No século passado, até por volta de 1950 por aí, os professores das escolas públicas e privadas usavam a palmatória para castigar os alunos que não acertavam os quesitos nas sabatinas. Cada erro cometido pelo aluno valia três bolos de palmatória. Os mais inteligentes sofriam pouco ou quase nada e os menos aplicados chegavam a ficar de mãos inchadas de tanto golpe de palmatória. As notas do meio e do fim do ano que aprovavam ou não os alunos, eram dadas por bancas examinadoras da secretaria e do ministério da educação que em número de três ou quatro professores especialistas, mais ou menos, compareciam às escolas para fazer os testes com os estudantes.
Numa escola do interior, já no fim de mais um ano, os examinadores chegaram cedo da manhã para testar a turma. A professora chamou ao lado os educadores para uma rápida conversa. E explicou: "Eu tenho aqui um jovem de oito anos que é o mais inteligente de todos. Para responder as perguntas ele sempre diz, "depende". Por isso ficou conhecido por "Zé Depende", apelido que ganhou dos colegas. Os professores deixaram para examiná-lo por último. O menino, meio pálido, calado, sentado na última fila, acompanhava o desenrolar da sabatina. Então chegou a vez dele. O professor chamou-o dizendo:
- Você é o "Zé Depende". É a sua vez. Vou lhe fazer a primeira pergunta: Quanto são dois mais dois? O Zé respondeu: "Depende, se for horizontal são quatro, se for vertical são vinte e dois".
- Muito bem, disse o educador. Segunda pergunta: Quantos braços tem São Francisco? "Depende", disse o Zé: "Se for o santo são dois, se for o rio são trinta e seis.
- Ótima resposta, disse o mestre. Vou fazer a última pergunta. Quantos são os mandamentos da Lei de Deus? Resposta do Zé:
"Depende". Se for para o homem são dez, para a mulher são nove".
- Explique, pediu o examinador. Resposta do Zé: "No nono mandamento diz que o homem não deve desejar a mulher do próximo. Logo, uma mulher não vai desejar outra mulher".
O professor aplaudiu o "Zé Depende", dando-lhe a nota máxima: dez. Os colegas o aplaudiram de pé, com vivas e parabéns.
FOI A ÚLTIMA AULA DO ANO. O Zé saiu nos braços da estudantada.
Jornal O PIONEIRO - 1965
Arapiraca/AL.
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