A LÍNGUA PORTUGUESA

 

 " Última flor do Lácio, inculta e bela,              
És, a um tempo, esplendor e sepultura;
Ouro nativo, que na ganga impurá
A bruta mina entre os cascalhos vela...

Amo-te assim, desconhecida e obscura,
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela,
E o arrôlo da saudade e da ternura!

Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,

Em que da voz materna ouvi: "meu filho!"
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!"


Esta poesia do mestre Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac, ou simplesmente Olavo Bilac (1865, RJ-1918), é um dos mais perfeitos sonetos brasileiros, segundo o educador Rocha Lima. É antiquíssima essa forma poética inventada no século XII pelo trovador siciliano Giácomo da Lentine. Em razão da beleza dessa poesia, a maioria dos nossos professores de português dava preferência, quase sempre, ao texto de Olavo Bilac para debater e estudar análise sintática.
"Última flor do lácio, inculta e bela" não me saia da cabeça em todas as ocasiões em que me deparava com nossos mestres. Bastava abrir o livro para logo exclamar: "Lá vem a Última flor do lácio!" Era curioso!


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