AS MULHERES DE ATENAS

Mulheres de Atenas

(Chico Buarque)

"Mirem-se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas
Vivem pros seus maridos
Orgulho e raça de Atena"


A Grécia é conhecida ao longo dos séculos como "berço da democracia', consagrada dezenas de anos antes de Cristo pela grandeza dos seus vultos históricos: Sócrates, Aristóteles, Teófanes, Demócrito, Aristófanes, Platão, Pitágoras e outros. O alto nível científico, político e social que projetou a nação não chegou ao convívio feminino de então. No patamar de contrastes do regime, as mulheres não podiam participar da política, votar nem ser votada, além de se absterem de tomar parte das grandes decisões nacionais. Era como o que chamamos hoje "regime machista". Já que o país era guerreiro por tradição, quando os maridos iam para as guerras as mulheres os esperavam pacientemente por períodos de tempo imprevisto e quando regressavam eram  recebidos com festas e confraternizações.
Vejam o que ocorria no dizer dos historiadores:

Atenas foi uma das principais cidades estados gregas, sendo o principal centro cultural e intelectual do Ocidente. Seu caminho politico é trilhado em regimes monárquicos e aristocráticos, tendo em seguida criado um regime democrático. Apesar de ser considerado um “governo do povo” quem realmente participava da democracia ateniense era cerca 20% da população .
Por falarmos que Atenas era o centro intelectual da antiguidade, valorizando o saber, automaticamente tomamos como verdade absoluta que os atenienses eram mais “desenvolvidos”, por exemplo, que a sociedade espartana. O que é um completo equívoco julgar quem é mais desenvolvido ou não.
Muito dessa ideia de pouca “civilização” que os espartanos são rotulados se deve ao fato da pratica do Laconismo, o ato de se expressar com poucas palavras, dessa maneira muito acreditavam que eram uma sociedade ignorante. Porém se analisarmos o papel que a mulher tinha nessas duas sociedades, tomaremos um grande susto, e toda essa ideia de pouca civilização espartana irá por “água abaixo”.
Na sociedade Ateniense, apesar de serem os criadores da democracia, podemos perceber que a participação da mulher nessa mesma sociedade era quase nula. Nela a mulher era criada e educada para servir o mundo doméstico. Já na civilização Espartana a posição da mulher era de grande destaque, sendo completamente diferente em relação a sociedade ateniense.
A principal ocupação das atenienses de todas as classes sociais era usar lã para fazer tecidos. O processo, longo e trabalhoso, envolvia desde a preparação do fio até a criação de peças em teares manuais.
Cuidar das crianças também era uma ocupação exclusivamente feminina. Até os 7 anos, meninos e meninas passavam quase todo o tempo na barra da mãe. Depois os meninos podiam estudar, enquanto as meninas continuavam em casa.
As camponesas não precisavam ficar trancafiadas em casa, como ocorria com as atenienses urbanas ricas. Mas elas tinham de dar duro o ano inteiro. Uma de suas principais atividades era plantar e colher ervas, verduras e legumes. As mulheres do campo também eram responsáveis pela pecuária. Elas ordenhavam cabras e ovelhas e usavam o leite para preparar queijo e coalhada. Ocasionalmente, ainda criavam abelhas para produzir mel. Tudo isso sem reclamar.
Fora o trabalho de fiar e de supervisionar os criados, as donas-de-casa de casa abastadas deixavam quase todo o trabalho para as escravas domésticas. As crianças, e às vezes até a amamentação, podiam ficar por conta das cativas.
“Na antiga sociedade grega as mulheres eram privadas de direitos civis e não eram autorizadas a implementar nenhum transação, em nome próprio, elas não podiam nem possuir, nem comprar ou vender propriedade.”
A família era comandada pelo homem. Como observou Maurice Croiset, “sua constituição fundamental repousava no poder paterno. O direito ateniense velava pela pureza das relações, vedando aproximações maritais com mulheres estrangeiras:
“Se alguém desse uma mulher estrangeira em casamento para um cidadão homem como se a mulher fosse de sua família, perderia os direitos de cidadania, sua propriedade seria confiscada e um terço de seus bens seriam entregues ao delator.”

Os deuses da mitologia, que inspiravam a realeza, grandes pensadores, astrônomos, matemáticos do peso de Pitágoras, Platão, Sócrates, Aristóteles e todo o patriarcado não libertaram as renegadas mulheres do jugo estabelecido pelos valentes guerreiros na sociedade contemporânea grega mas garantiram a sobrevivência do regime chamado democrático que tinha no homem o seu sustentáculo, na guerra ou na paz e na mulher o seu consolo, para curar seus maridos dos males das derrotas nos embates militares.

Fonte: Revista Aventuras na História, Infoescola e arnaldogodoy.adv.br

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