Casimiro de Abreu
(*1839 +1860. Poeta romântico. Obras: Primaveras, Camões e o Jau, etc.)
Da pátria formosa distante e saudoso,
Chorando e gemendo meus cantos de dor,
Eu guardo no peito a imagem querida
Do mais verdadeiro, do mais santo amor:
- Minha Mãe!
Nas horas caladas das noites de estio,
Sentado sozinho, com a face na mão,
Eu choro e soluço por quem me chamava
- "Ó filho querido do meu coração!"
- Minha Mãe!
No berço pendente dos ramos floridos
Em que eu pequenino feliz dormitava,
Quem é que esse berço com todo cuidado,
Cantava cantigas, alegre, embalava?
- Minha Mãe!
De noite, alta noite, quando eu já dormia,
Sonhando esses sonhos dos anjos dos céus
Quem é que meus lábios dormentes roçava,
Qual anjo da guarda, qual sopro de Deus?
- Minha Mãe!
Feliz o bom filho que pode contente
Na casa paterna, de noite de dia,
Sentir as carícias do anjo de amores,
Da estrela brilhante que a vida nos guia!
- Uma Mãe!
Por isso, eu agora, na terra do exílio,
Sentado Sozinho, com a face na mão,
Suspiro e soluço por quem me chamava
- "Ó filho querido do meu coração!"
- Minha Mãe!
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