A LÍNGUA PORTUGUESA

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Olavo Bilac, poeta parnasiano (1865 - 1918). Autor de Alma Inquieta, Tarde e outras obras.

Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura;
Ouro nativo, que na ganga
A bruta mina entre os cascalhos vela...

Amo-te assim, desconhecida e obscura,
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela,
E o arrolo da saudade e da ternura!

Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,

Em que da voz materna ouvi: "meu filho!"
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem  brilho!

Certas composições poéticas têm forma fixa, isto é, exigem número certo de versos e de estrofes, com  disposição também certa. Tais como: o soneto, a balada, o vilancete, o triolé, rondó, o pantum e a terzarima. Delas só o soneto é usado  modernamente.
Esta bela poesia - A Língua Portuguesa - é um dos mais perfeitos sonetos brasileiros. É antiquíssima essa forma poética: foi inventada no século XII pelo trovador siciliano, Giácomo da Lentine. Mas os poetas italianos - Dante e principalmente Petrarca - é que o celebrizaram em todo o mundo. Introduziu-o em Portugal o poeta Sá de Miranda. Os maiores sonetistas portugueses foram: Luís de Camões, Bocage e Antero de Quental.
No Brasil tem tido muitos exímios cultores, entre os quais: Olavo Bilac, Alberto de Oliveira, Raimundo Correia, Luís Delfino, Vicente de Carvalho.
Compõe-se o soneto de catorze versos, distribuídos em dois quartetos e dois tercetos. O último verso chama-se chave de ouro (Rocha Lima).

PS. Clangor: som rijo e estridente. 
Ganga: tecido forte azul ou amarelo.
Tuba: instrumento metálico de sopro.
Flor do Lácio: expressão usada para designar a língua portuguesa. Lácio é uma região italiana.



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