O ritmo acelerado do envelhecimento da população é, cada vez mais, um dos principais temas econômicos do Brasil. A medida em que a questão entra na pauta social começa a ter, claro, um forte peso político. O Palácio do Planalto sabe disso e sabe também de suas deficiências na área.
Muitas das falhas foram apontadas publicamente pela presidente do Conselho Nacional dos Direitos do Idoso (CNDI), Karla Cristina Giacomin, que, agora, termina seus dois anos de mandato. Karla expôs o descaso do governo federal:
- A política do idoso é batata quente.
Falta aos conselhos (federal, estaduais e municipais) autonomia e infraestrutura para exercerem o direito constitucional de controle social. Há uma asfixia premeditada.
No próximo ano, com os 10 anos do Estatuto do Idoso, o assunto estará ainda mais em evidência. Os assessores de Dilma Rousseff articularam, então, para deixar as coisas sob controle e o CNDI terá uma presidência, digamos, “mais governamental”.
É a forma de mitigar os riscos assumidos hoje para o bem-estar do idoso do futuro. Daqui a 30 anos, o Brasil, como se sabe, terá um em cada quatro habitantes com mais de 60 anos.
De 1994 a 2010, o CNDI já rodou por quatro ministérios. Hoje está sob a gestão da Secretaria de Direitos Humanos, ligada à Presidência da República.
Sem força, quase nada da Política Nacional do Idoso saiu do papel, como o programa de formação de cuidadores, que foi delegado aos municípios. Mas, no futuro, sem a menor dúvida, cairá no custo das empresas, como já ocorre mundo afora.
As empresas brasileiras ainda estão atrasadas no tema. E nem vislumbram o quanto terão de custo com cuidadores já na próxima década. Salvo, se aceitarem perder talentos.
O idoso foi ignorado no Plano Nacional de Educação e no regimento interno da Secretaria de Direitos Humanos. Há quatro anos, o CNDI reivindica uma secretaria especial para o Idoso (como tem das Mulheres, Igualdade de Raça, Juventude). Sem sucesso. Assim como também não saiu o Fundo do Idoso para financiar políticas públicas.
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