O nosso samba, que cantamos em todas as horas, dia após
dia, noites após noites, ano após ano, está passando, em 2014, por seus 144 anos de alegria proporcionada à vida do Brasil, um presente de Deus ao talento a à força criativa de inúmeros compositores, autores, estudiosos da matéria, maestros, músicos e fabricantes de instrumentos. O ritmo trepidante, inquieto. entusiasmante, está na alma do brasileiro, faz parte da cultura do povo, no sangue de quem faz da música um motivo de festa e alegria nas comemorações de um jogo de futebol, nas festividades carnavalescas, na celebração de uma grande ou pequena conquista em sociedade ou simplesmente em reunião de comes e bebes entre amigos. O samba é insubstituível, apesar da enorme variedade de ritmos que tomou conta da nação, desde o sacudido e erótico funk, ao rockn'roll, da balada ao frevo, do forró à marchinha de carnaval. Todos são aceitos, para dançar ou cantar, mesmo sendo uma valsa, tango argentino ou, quem sabe, até apenas na batida acelerada de tambores.
Dizem os estudiosos do assunto que o samba se originou da mistura de diversos ritmos africanos trazidos pelos escravos.. "Embora se aceite como primeiro samba a composição intitulada PELO TELEFONE, gravada em 1917, antes pela banda da Casa Edison (Rio) e logo depois pelo cantor baiano, verdade é que, quando Ernesto dos Santos, Donga (1891- 1974) e seu parceiro, Mauro de Almeida, fizeram o Brasil inteiro cantar, ainda meio na base do maxixe: "O CHEFE DA FOLIA/ PELO TELEFONE/ MANDA AVISÁ, QUE COM ALEGRIA / NÃO SE QUESTIONE/PARA SE BRINCÁ..." o ritmo do samba já andava, havia bem meio século, requebrando em muito batuque de negros. O primeiro a afirmar que para levantar a história do samba , era preciso também estudar a sua pré-história, foi o radialista, pesquisador e escritor carioca, muito famoso na época, HENRIQUE FORÉIS (o Almirante), que declarou: "Muito antes do nome (samba) aparecer como designação, o ritmo já existia desde o tempo do Império. Por volta de 1870 havia várias cantigas em forma de samba, embora não se usasse essa denominação, que tivesse aparecido antes de 1917, época em que surgiu a primeira composição com o nome de samba - se chamariam polcas, tangos, lundus, chulas, jongos, etc.". Hoje, o esplendor da música tem suas bases determinantes nas escolas de samba do Rio de Janeiro, São Paulo outras grandes cidades, nas quais são investidos milhões e milhões de reais para mostrar ao mundo a sua grandiosidade, riqueza, luxo e belíssima coreografia.
Há alguns anos,a extinta gravadora Polydor encomendou uma pesquisa a um grupo formado por Jairo Pires, José Ramos Tinhorão, Maurício Quadrio e Elton Medeiros, todos ligados ao assunto, que afirmaram: "Quem acertou foi o grande folclorista e antrópologo, Edison Carneiro, quando afirmou que ritmos como lundu, baiano,tambor de crioulo, bambelô, côco, bate-baú, partido alto, jongo, caxambu, samba de roda e o chamado samba rural constituíam variedades de samba saído daquelas batucadas em fins do século XIX. Graças ao surgimento de gerações de compositores profissionais ligados ao rádio, a partir de 1930, o gênero adaptou-se a todas as condições: samba de carnaval, samba canção, samba-choro, samba-de-breque, samba de partido alto, samba-batucada, samba de bossa nova e até sambolero.
TALENTO E CRIATIVIDADE
O movimento musical do samba se firmava muito bem, em todos os meios sociais do país, com participação dos maiores compositores e cantores até 1950, que reinavam entre a Bahia, sul e sudeste levando ao público os sucessos da época, tais como: Saudosa Maloca, de Adoniran Barbosa, Estatuto de Gafieira, de Billy Blanco, Saudade da Bahia, de Dorival Caymmi, Nervos de Aço, de Lupiscínio Rodrigues, Vida da Minha Vida, de Ataulfo Alves, Fita Amarela, de Noel Rosa, Samba do Crioulo Doido, de Sérgio Porto, entre outras e mais essa,que foi o segundo samba gravado na época, na Casa Edison, no Rio de Janeiro. Dança do Bolim Bolacho, de Ubirajara Nesdam - GARRAFÃO TEM FUNDO CHATO / BOTIJA NÃO TEM PESCOÇO / PEDAÇO DE TELHA É CACO/BANANA NÃO TEM CAROÇO / BOLIM BOLACHO / BOLE EM CIMA BOLE EM BAIXO; BOLIM BOLACHO / POR CAUSA DO CARARU / QUEM NÃO COME DA CASTANHA NÃO PERCEBE DO CAJU / NÃO PERCEBE DO FUBÁ / DA BAHIA ME MANDARAM UM PRESENTE COM SEU MOLHO / UMA COSTELA DE PULGA / UM CORAÇÃO DE PIOLHO / BOLIM BOLACHO / BOLE EM CIMA, BOLE EM BAIXO.
Donga, primeiro a gravar samba. |
Até que em 1950 a intelectualidade brasileira inovou, por sua força e poder de criatividade através de figuras das mais prestigiadas no convívio social e meios de comunicação, lançando a Bossa Nova, que deu impulso ao samba com Vinicius de Morais, Antonio Carlos Jobim, Toquinho, Miúcha,Juca Chaves, João Gilberto, Os Cariocas, MPB4, Antonio Carlos e Jocafi, Roberto Menescal e outros. O lançamento de Garota de Ipanema (de Tom e Vinícius), Tristeza Não Tem Fim (Roberto Menescal), Se Todos Fossem Iguais a Você (Tom e Vinícius), Samba de Uma Nota Só (de Tom Jobim), despertaram o interesse do público pelo samba em todo o país e o mundo. O samba é um dos ritmos mais tocados no planeta, com sucesso nas paradas e noitadas da Europa, África e Ásia. Sucesso bem merecido nesses seus 144 anos de de alegria oferecida aos seus admiradores. Acompanhe a letra da música de Tom e Vinícius:
SE TODOS FOSSEM IGUAIS A VOCÊ - VAI SUA VIDA / SEU CAMINHO É DE PAZ E AMOR / A SUA VIDA / É UMA LINDA CANÇÃO DE AMOR / ABRE SEUS BRAÇOS E CANTA A ÚLTIMA (ESPERANÇA / A ESPERANÇA DIVINA / DE AMAR EM PAZ / SE TODOS FOSSEM IGUAIS A VOCÊ / QUE MARAVILHA VIVER / UMA CANÇÃO PELO AR / UMA MULHER A CANTAR / UMA CIDADE A CANTAR/A SORRIR, A CANTAR, A PEDIR / A BELEZA DE AMAR/ COMO O SOL, COMO A FLOR, COMO (A LUZ / AMAR SEM MENTIR, SEM SOFRER / EXISTIRIA A VERDADE / VERDADE QUE NINGUÉM VÊ / SE TODOS FOSSEM NO MUNDO IGUAIS A VOCÊ.)
Toquinho, Vinícius e Tom Jobim
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