Se você não conhece um romance perfeito, ou quase (99%), procure ler o que há de melhor entre as melhores obras da literatura brasileira: O Cortiço, de Aluísio Tancredo Gonçalves de Azevedo, ou simplesmente, Aluísio Azevedo ,nascido em São Luis - MA. Em 1857 e falecido em 1913. Embora tenha tido repercussão nacional e internacional, O Cortiço mexeu fundo o prestígio dos intelectuais da época porque, lançado em 1890, o livro nasceu à sombra de um valoroso concorrente do mesmo autor. O Mulato, lançado em 1881, causou um forte estardalhaço no Maranhão, chegando a abalar a conduta de Aluísio Azevedo, por causa de um escândalo envolvendo o clero e figuras da sociedade maranhense. Azevedo é o primeiro escritor naturalista brasileiro e após lançar O Mulato, que o consagrou na literatura, escreveu também: Casa de Pensão, Livro de Uma Sogra e outros.
Em O Cortiço vemos o pujante talento do escritor numa obra de ficção que parece real, em que o autor conta a história de João Romão, um canalha sem cultura, sem fé, sem Deus, que vive em função de dinheiro, capaz de trair a própria alma, se entregar ao diabo e ser arrastado para o inferno em troca do vil metal. E nessa luta desesperada para enriquecer, João Romão matou quem devia viver, traiu a quem devia amar, fraudou a quem não devia. Traiu as suas origens e desconheceu a ele próprio. Uma figura idêntica as que se vê hoje em dia em cada esquina, no comércio, na política, na sociedade. O personagem escolhido por Aluísio Azevedo adotou a promiscuidade, o lixo, a lama e a poeira, para viver com a pobreza a sua aventura de amor, vingança, ódio, ganância. Ao chegar ao máximo de suas aspirações, João Romão se amigou com a Bertoleza, crioula, trintona, escrava de um velho cego
residente em Juiz de Fora e amigada com um português que tinha uma carroça de mão e fazia fretes na cidade. Bertoleza tinha um pequeno ponto comercial no cortiço, vendendo fígado de boi e peixe. Servia café às seis horas da manhã aos trabalhadores de uma pedreira próxima. A negra não sabia ler nem escrever e pediu a João Romão que guardasse as suas economias. Foi o suficiente para o vigarista enganá-la, depois de várias trapaças. Amigado com a crioula, Romão forjou uma carta dizendo que o homem ao qual ela pertencia, como escrava, tinha morrido e daí para a frente ela era livre, dona de sua própria vida. João Romão deitou e rolou na favela. Acabou rico, contratou um puxa-saco, o Botelho, para levar recados dele, em troca de míseros trocados. Chegou a comprar o título de visconde. Ao chegar a esse episódio, certa noite a polícia foi à casa de João Romão prender a crioula Bertoleza e levá-la para Juiz de Fora, por ordem do dono dela, o português, que a acusava de ter fugido. Ao saber que tinha sido traída por João Romão, a crioula descobriu que a carta de alforria (de liberdade) apresentada por ele era mentira. Então se suicidou com uma facada no ventre.
NOS REFOLHOS DO BAIRRO DO BOTAFOGO - "João Romão foi, dos treze aos vinte e cinco anos, empregado de um vendeiro que enriqueceu entre as quatro paredes de uma suja e obscura taverna nos refolhos do bairro do Botafogo. E tanto economizou do pouco que ganhara, nessa dúzia anos, que, ao retirar-se o patrão para a terra, lhe deixou, em pagamento de ordenados vencidos, nem só a venda com o que estava dentro, como ainda um conto e quinhentos em dinheiro. Proprietário e estabelecido por sua conta, o rapaz atirou-se à labutação ainda com mais ardor, possuindo-se de tal delírio de enriquecer, que afrontava resignado as mais duras provações. Dormia sobre o balcão da própria venda, em cima de uma esteira, fazendo travesseiro de um saco de estopa cheio de palha. A comida arranjava-lhe, mediante quatrocentos réis por dia, uma quitandeira, a Bertoleza, escrava de um velho cego residente em Juiz de Fora e amigada com um português que tinha uma carroça de mão e fazia fretes na cidade. Bertoleza também trabalhava forte. A sua quitanda era a mais afreguesada do bairro. De manhã vendia angu, à noite peixe frito e iscas de fígado. Um dia seu homem caiu morto na rua, ao lado da carroça, estrompado como uma besta. João Romão tornou-se o caixa, o procurador e o conselheiro da crioula. Por último, se alguém queria tratar negócio com a Bertoleza, nem mais se dava ao trabalho de procurá-la,ia logo a João Romão.Quando se deram fé estavam amigados. Um dia ele apareceu com uma carta de papel toda escrita que leu em voz alta à companheira e disse que ela agora estava livre."Acabou-se o cativeiro de pagar os vinte mil réis à peste do cego"! - "O cego que venha buscá-la aqui, e for capaz"...Esse foi o começo de O Cortiço, na manobra que ele fez para enganar a negra e roubar o dinheiro dela, o que motivou a morte de Bertoleza.
Em O Cortiço vemos o pujante talento do escritor numa obra de ficção que parece real, em que o autor conta a história de João Romão, um canalha sem cultura, sem fé, sem Deus, que vive em função de dinheiro, capaz de trair a própria alma, se entregar ao diabo e ser arrastado para o inferno em troca do vil metal. E nessa luta desesperada para enriquecer, João Romão matou quem devia viver, traiu a quem devia amar, fraudou a quem não devia. Traiu as suas origens e desconheceu a ele próprio. Uma figura idêntica as que se vê hoje em dia em cada esquina, no comércio, na política, na sociedade. O personagem escolhido por Aluísio Azevedo adotou a promiscuidade, o lixo, a lama e a poeira, para viver com a pobreza a sua aventura de amor, vingança, ódio, ganância. Ao chegar ao máximo de suas aspirações, João Romão se amigou com a Bertoleza, crioula, trintona, escrava de um velho cego
residente em Juiz de Fora e amigada com um português que tinha uma carroça de mão e fazia fretes na cidade. Bertoleza tinha um pequeno ponto comercial no cortiço, vendendo fígado de boi e peixe. Servia café às seis horas da manhã aos trabalhadores de uma pedreira próxima. A negra não sabia ler nem escrever e pediu a João Romão que guardasse as suas economias. Foi o suficiente para o vigarista enganá-la, depois de várias trapaças. Amigado com a crioula, Romão forjou uma carta dizendo que o homem ao qual ela pertencia, como escrava, tinha morrido e daí para a frente ela era livre, dona de sua própria vida. João Romão deitou e rolou na favela. Acabou rico, contratou um puxa-saco, o Botelho, para levar recados dele, em troca de míseros trocados. Chegou a comprar o título de visconde. Ao chegar a esse episódio, certa noite a polícia foi à casa de João Romão prender a crioula Bertoleza e levá-la para Juiz de Fora, por ordem do dono dela, o português, que a acusava de ter fugido. Ao saber que tinha sido traída por João Romão, a crioula descobriu que a carta de alforria (de liberdade) apresentada por ele era mentira. Então se suicidou com uma facada no ventre.
NOS REFOLHOS DO BAIRRO DO BOTAFOGO - "João Romão foi, dos treze aos vinte e cinco anos, empregado de um vendeiro que enriqueceu entre as quatro paredes de uma suja e obscura taverna nos refolhos do bairro do Botafogo. E tanto economizou do pouco que ganhara, nessa dúzia anos, que, ao retirar-se o patrão para a terra, lhe deixou, em pagamento de ordenados vencidos, nem só a venda com o que estava dentro, como ainda um conto e quinhentos em dinheiro. Proprietário e estabelecido por sua conta, o rapaz atirou-se à labutação ainda com mais ardor, possuindo-se de tal delírio de enriquecer, que afrontava resignado as mais duras provações. Dormia sobre o balcão da própria venda, em cima de uma esteira, fazendo travesseiro de um saco de estopa cheio de palha. A comida arranjava-lhe, mediante quatrocentos réis por dia, uma quitandeira, a Bertoleza, escrava de um velho cego residente em Juiz de Fora e amigada com um português que tinha uma carroça de mão e fazia fretes na cidade. Bertoleza também trabalhava forte. A sua quitanda era a mais afreguesada do bairro. De manhã vendia angu, à noite peixe frito e iscas de fígado. Um dia seu homem caiu morto na rua, ao lado da carroça, estrompado como uma besta. João Romão tornou-se o caixa, o procurador e o conselheiro da crioula. Por último, se alguém queria tratar negócio com a Bertoleza, nem mais se dava ao trabalho de procurá-la,ia logo a João Romão.Quando se deram fé estavam amigados. Um dia ele apareceu com uma carta de papel toda escrita que leu em voz alta à companheira e disse que ela agora estava livre."Acabou-se o cativeiro de pagar os vinte mil réis à peste do cego"! - "O cego que venha buscá-la aqui, e for capaz"...Esse foi o começo de O Cortiço, na manobra que ele fez para enganar a negra e roubar o dinheiro dela, o que motivou a morte de Bertoleza.
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