A BATALHA DOS GUARARAPES

Nós só conhecemos o que temos e o que somos quando testemunhamos os fatos e convivermos com a realidade nacional. Há alguns anos, ao concluir um curso de especialização em comunicação na UFPE, do Recife, pude ver de perto um quadro real do que foi para nós a vitória dos brasileiros, contra os holandeses, na famosa "Batalha dos Guararapes" em 1654, uma tragédia inimaginável na qual morreram a sangue frio centenas de milhares de patriotas espetados nas baionetas dos invasores e estraçalhados pelos tiros de canhões dos comandados pelo príncipe Maurício, de Nassau, governador militar da Holanda no Brasil, à época. Eu e mais cinquenta estudantes do norte e nordeste, da Bahia ao Amazonas, que freqüentamos o curso, recebemos uma aula de mais de duas horas transmitida ao vivo pelo professor Carlos Alberto, da Universidade Federal do Amazonas, que nos mostrou, detalhe por detalhe, o que foi e significou para nós a vitória contra os estrangeiros. A batalha teve como palco a costa de Pernambuco, exatamente em Jaboatão dos Guararapes. Ali foram massacrados centenas de brasileiros e portugueses e apesar da vitória final o número de mortos foi terrivelmente alto por erro do comando das tropas do Brasil. Os patriotas atacaram os holandeses vindo da praia para o continente visando  travar a batalha decisiva no interior. Os holandeses armaram os canhões em cima do morro. Aí, quando as tropas do Brasil tentavam subir, eram massacradas. A água do mar ficou vermelha com o sangue dos patriotas mortos aos milhares, mas em razão de as nossas tropas serem maioria, a batalha foi ganha pelos nossos heróis. Hoje, o morro dos Guararapes é um local sagrado em homenagem aos mortos. Várias placas de bronze encravadas na pedra pelas  forças armadas do Brasil e inúmeras autoridades lembram o valor dos bravos homens que deram a vida por nós. Canhões usados na época, instalados no morro,permanecem apontados para a praia, na mesma posição em que foram utilizados para matar os brasileiros. O professor Carlos Alberto, mestre por formação na Universidade Federal do Amazonas, que aliás se assemelhava muito ao ator global, Milton Gonçalves, nos deu um aula inesquecível porque, além de grande educador, foi também um ótimo amigo que nunca deu margem para dúvidas em suas aulas das 14 horas diárias e soube marcar na memória de cada um o valor de sua arte e experiência,mesmo com seus 35 anos de vida consagrada ao magistério federal. No morro dos Guararapea, que deve ser visitados pelos que desejam conhecer a história do Brasil, está uma parte da nossa existência, já que sem a vitória das nossas tropas o Brasil teria outro destino. Nas proximidades do morro está a igreja de  Nossa Senhora dos Prazeres com suas imagens revestidas em ouro e pedras preciosas, repleta de homenagens aos nossos heróis da Batalha dos Guararapes.

Nenhum comentário:

Postar um comentário