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Dom Pedro I |
Poucos brasileiros, em extrema minoria, teve ou tem a honra de conhecer as maravilhas da história e riquezas,do Brasil bem como do seu incrível potencial, humano econômico. Grande exemplo disso é a dramática história da Marquesa de Santos, narrada por Paulo de Oliveira Setúbal, escritor de primeira grandeza, membro da Academia Brasileira de Letras (ABL). A Marquesa de Santos, que postei aqui no blog (16/04/12), o primeiro capítulo, é algo imperdível, por se tratar de episódio ocorrido no período do Brasil Império, entre 1822 a 1831, por aí, que mexeu com toda a corte, abalou as estruturas do país, com maior intensidade na política, economia, e área social. Todo o Império foi tocado pela saga de uma mulher adolescente (16 anos), que à época era como uma jóia rara e que chegou a atingir tamanha repercussão devido a participação do Imperador Dom Pedro I que, de forma irresponsável e inconsequente levou a pais à anarquia, com grandes prejuízos para a nova pátria. O mal do Imperador foi herança herdada dos seus antepassados portugueses, conforme os historiadores. Após os fatos do primeiro capítulo, que publiquei antes, Paulo Setúbal conta no seu livro todos os detalhes da história: "Domitila de Castro Canto e Melo, a Titília, como lhe chamavam os de casa,era uma criaturinha perturbante, linda boneca de dezesseis anos, leve como pluma, botão de rosa pelo amanhecer. Tinha o talhe fino,a cinturinha breve, ar de graciosa petulância. Que primor de tentações! Os cabelos eram negros, encaracolando-se num donaire petulante, olhos negríssimos,que enchiam de quentura e brejeirice o moreno róseo do seu rosto.
A boca, vermelha, muito úmida, a cavar ao lado, quando ela sorria, uma covinha gaiata, tentadora, que enlouquecia a rapaziada do tempo. E não foram poucos os que enlouqueceram. Toda a gente sabia que Pedro Gonçalves de Andrade, primo do juiz de casamentos, passava noites inteiras, de violão em punho, a entoar modinhas à janela da rapariga. E era de ver-se nos bailes o Aires da Cunha, sobrinho do almoxarife da Real Fazenda. O rapaz grudado acintosamente às saias da pequena, vivia tão junto dela, tão cioso dela, que a cidade inteira botou-se a linguajar daquele caso. E a briga do Moraizinho? Foi no botequim da Princesa, no Largo da Pólvora, em dia da procissão de São Jorge. O rapazola engalfinhou-se violentamente com o Bento Furquim, um atrevidaço namoriscador da pequena. Lá se foi com ele aos bofetões e sopapos, numa fúria tão áspera cresceu a rixa, tão brutal, que acabaria de certo em tiro de trabuco se o bom, padre Bernardo Pureza Claraval, que por ali passava se não acudisse em tempo de separá-los.Nesse mesmo dia, ao anoitecer , o bondoso cura procurou o velho João de Castro. Narrou-lhe a abriga do Moraizinho e avisou com prudência: - Sr. Coronel! Vosmecê precisa tomar tento. Isso não acaba bem. - Mas o que eu hei de fazer, senhor pároco? - Que hei de fazer? Pois é casar a rapariga antes que a rapaziada se destripe. Aquilo não é gente, seu Coronel. Aquilo é o demônio, Casada, enfim e separada, depois de ter levado duas facadas na coxa agredida que foi pelo Alferes, seu marido, Domitila, Titília, cotinuava sua vida na casa do pai Coronel João de Castro. Dias depois o pároco faz outra visita ao Coronel João de castro, ao tomar conhecimento das travessuras de Domitila: "Sra. Domitila! Eu sou velho amigo da casa. Tenho, por isso, dieito de aconselhar. Ouça lá, Sra. Domitila, ouça lá o que lhe digo: cuidado com o Príncipe! Muito cuidado com o Príncipe! Vosmecê é bonita. Vosmecê é separada do marido. Vosmecê tem tudo para tentar um homem. O Príncipe, como toda a gente sabe, é atrevidaço e é mulhereiro. Um patifão que não respeita seque as famílias. Olhe o que aconteceu na Corte à filha do armador João Ciríaco. Olhe o escândalo na casa do Cauper. Olhe o caso da Noemi, bailarina do Teatro São João. Eu a aviso bem. Tome cuidado com Sua Alteza, Sra. D.Domitila! Tome cuidado! O Príncipe é atrevido"...
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