A MARQUESA DE SANTOS (3)

D. Pedro I
Segundo o livro de Paulo Setubal, Dom Pedro I era um homem elegante, alto, mulhereiro, jovem de 24 anos, à época da Independência do Brasil e muito inexperiente ao tomar decisões no império o que motivou o surgimento das grandes crises político - administrativas. Uma das crises foi o namoro de D.Pedro com Domitila de Castro, a Titília, com quem conviveu durante um longo período, rompendo o seu relacionamento com a esposa, Arquiduquesa. Dona Maria Leopoldina, Imperatriz do Brasil e da Áustria, Regente do trono brasileiro. Dom Pedro I tinha como seu orientador o Patriarca da Independência, José Bonifácio de Andrada e Silva, Primeiro-Ministro, todo poderoso do Império. O poder de José Bonifácio atraiu a atenção  da maçonaria, no campo político. "O Grande Oriente, a famosa Loja Maçônica da Corte, desempenhou papel preponderante nos movimentos políticos do seu tempo. No sobradão da rua Nova do Conde fervilhavam ideias extremadas de Independência. O Príncipe Dom Pedro com seus arrebatamentos de moço, foi  sempre um seduzido pela Maçonaria. José Bonifácio era Grão-Mestre da Maçonaria e Primeiro-Ministro do Império. O prestígio e a vasta autoridade de Bonifácio despertaram na Corte um desenfreado ciúme. Despertaram desmedida inveja entre os ambiciosos do poder: urdiu-se então a queda de Andrada. Certa noite, altas horas, três homens misteriosos se encontraram na Lola Maçônica. Eram: José Clemente Pereira, Presidente do Senado da Câmara, Joaquim gonçalves Ledo, grande Vigilante da Maçonaria e o Coronel Luis Pereira Nóbrega, patriota de grande influência na época. Eles esperavam contar com a presença de Dom Pedro, que tinha prometido participar da reunião. Após um instante de silêncio chega o Príncipe D. Pedro de chapéu na cabeça, respondeu com simples gesto o,ritual  da confraria. Sentado, indagou: "O que há? "Gonçalves Ledo foi quem começou a falar, gravemente  pondo  muito peso no seu dizer: "Vossa Alteza conhece a exata situação da nossa loja. Somos hoje uma terrível e poderosa máquina. Como Vossa Alteza bem sabe, esta loja hoje está nas mãos de um único homem. - José Bonifácio! Atalhou Dom Pedro. "Exatamente, continuou  Gonçalves Ledo. O maçom fitou o Príncipe  nos olhos e exclamou: Vossa Alteza quer ser o nosso Grão - Mestre? - Eu? Perguntou Dom Pedro. "Vossa Alteza "Depois de meditar, Dom Pedro indagou: - Quais são as compensações, meus senhores?" - Poucas, continuou Clemente Pereira. Apenas isso: José Bonifácio e Martim Francisco devem ficar debaixo da imediata fiscalização do Grande Oriente. - Isso é um absurdo. Como podem os Andradas ficar debaixo  da fiscalização da Loja? Retorquiu Ledo: "Vossa Alteza nos dá três folhas de papel em branco, com assinatura de Vossa Alteza para lavrarmos  a demissão de Bonifácio, Martim Fancisco (Ministro da Fazenda) e nomearmos uma pessoa da nossa confiança.
O Príncipe aceitou a proposta, jurando que estava de acordo. No dia seguinte, José Bonifácio soube e pediu demissão. Mas antes deu um show de escolaridade e experiência em Dom Pedro. Quando a população tomou conhecimento dos fatos e da saída de José Bonifácio houve manifestação por toda parte e Dom Pedro se viu forçado a chamá-lo para reassumir cargo de Primeiro- ministro. Algum período  depois, José Bonifácio mandou prender e deportou Gonçalves Ledo, Clemente Pereira  e o Coronel Luis Pereira Nóbrega. Dom Pedro não mexeu em um palito para livrá-los da pena. O fraco do Imperador era a Domitila, a Titília: "Tudo me sorri. No entanto, para coroar a minha glória só me falta uma coisa: a Titília de Castro"A corte toda sabia que o Imperador era loucamente apaixonado por Domitila de Castro. Isso deixava a Corte escandalizada. O próprio Primeiro-Ministro José Bonifácio mandou um guarda-costa seu , chamado "Corta-Orelha",acompanhar os passos de Dom Pedro e de Domitila de Castro.
PERDIDO POR MULHER - Joaquim Inácio da Costa Orelha, conhecido por  "Corta Orelha", era capanga do Ministro José Bonifácio, e durante uma reunião com seu chefe e o ministro da Fazenda, Martim Francisco, contou os escândalos da Corte,desde o tempo  de Dom João VI. Afirmou que   "Dom João VI era um rei bobo. A Rainha Carlota Joaquina, mulher de Dom João, fazia o que queria e ele não levava em conta. O Conde de São José, um bonitão "valente como o diabo", foi envolvido pela Rainha Dona Carlota, "que se embeiçou" por ele. A Condessa D. Gertrudes Pedra, mulher do Conde, soube e passou  a falar mal de Dona Carlota. Logo a Rainha soube e foi uma barulheira do inferno. Um dia Dona Carlota me chamou para fazer um"serviço pra ela" na chácara do Catete.Eu me escondi e quando Dona Gertrudes passava "lasquei"um tiro nela e corri". Contou o capanga de José Bonifácio. Ele ainda lembrou: "Dom João é um homem bom. É um coitado. O Príncipe Dom Pedro I é perdido por mulher", lembrou, ao que José Bonifácio indagou: "Será que esse caso do Príncipe com a Domitila vai dar algum problema"? O Corta-Orelha respondeu: não é bom mexer com vespeira. É preciso ter cuidado", aconselhou ao Ministro.
Dom Pedro era acusado de mulherengo extremo. Apontado com a acusação de frequentar lugares suspeitos.com  mulheres e filhas de oficiais do Estado-Maior  das Forças Armadas, com mulheres da realeza e moças que faziam parte de missões diplomáticas estrangeiras. Apesar de tudo, Dom Pero I era querido do povo, comunicativo, tido como simpático, atraente. A população gostava dele, mas não aceitava o convívio  com a Marquesa de Santos.
DONA LEOPOLDINA - Dona Maria Leopoldina, Imperatriz do Brasil e da Áustria vivia quase esquecida por Dom Pedro. Ela também era muito querida pela população da época. Era filha de Francisco I, Imperador da Áustria e dona Maria Izabel de Bourbon. Morreu em 1806 no Rio de Janeiro, durante o período em que  dom Pedro viajou para o sul, após uma  briga que teve com a Imperatriz por causa da Marquesa de Santos. Dom Pedro botou a amante, Domitila de castro, a Titília, para morar na Corte como dama de companhia de Dona Leopoldina. Aí a Imperatriz explodiu com ele, gritou com todas as palavras, dizendo que Dom Pedro valorizava mais a amante do que ela, que era a Imperatriz do Brasil e da Áustria e por causa disso a Imperatriz sofreu um aborto e morreu. Antes de falecer, ela disse que tinha sido envenenada pela Marquesa de Santos, provocando uma revolta popular contra Dom Pedro. Isso, contudo, não freou a loucura do Imperador, que após a morte de Dona Leopoldina, casou com a Marquesa de Santos, tendo antes conseguido o divórcio dela com o Alferes Felício Pinto de Mendonça, de quem se separou após ter levado duas facadas na coxa depois de alguns de anos  de casada. Dom Pedro deu o título de Viscondessa a Domitila e teve uma filha com ela, que a batizou, contra a vontade da corte, com o nome de Izabel Maria, e o titulo real de Duquesa de Goiás. Pelo amor de Domitila, a Marquesa de Santos, Dom Pedro demitiu o Primeiro Ministro, José Bonifácio, o Ministro da Fazenda, Martim Francisco e irmã de José Bonifácio, Maria Izabel Bonifácio de  Andrada e Silva, que era dama de companhia da Imperatriz Dona Leopoldina. O motivo é que a Corte nunca aceitou a  Marquesa de Santos como amante de Dom Pedro, porque o Imperador tinha Dona Leopoldina. Aí aconteceu que em uma missa solene Dom Pedro autorizou Domitila, a Marquesa se sentar no tribunal real ao lado de Dona Leopoldina e da Corte. Aí as damas reais, a Imperatriz duquesas condessas, princesas e damas de companhias se levantaram. Ela ficou só e terminou a missa chorando. Depois foi direto falar com Dom Pedro para denunciar que tudo o que aconteceu foi obra de José Bonifácio. Morta Dona Leopoldina, Dom Pedro prontamente cuidou de se casar oficialmente com Domitila de Castro Canto e Melo. Finalmente Titília, ou Domitila, sentiu que chegou a vez de realizar o seu sonho. Então foi feito o casamento mas no mesmo dia o Marquês de  Barbacena,  que há vários meses procurava uma noiva na Europa, para Dom Pedro, regressou ao Brasil trazendo toda a documentação, com registro, foto da noiva, autorização do Imperador da  Áustria e tudo pronto para a realização do matrimônio de Dom Pedro I com a Sereníssima Princesa Amélia Augusta Napoleona Leuchtenberg, filha do Príncipe herdeiro da Coroa Austríaca Eugenio de Beauharnais.
Segundo o documento oficial, Dom Pedro estava noivo, com data marcada para  o casamento. Estava desfeito definitivamente o matrimônio com a Maquesa de Santos, Domitila de Castro Canto e Melo, que, decepcionada, triste e abandonada, regressou a São Paulo com o coração partido e amargurada, para viver seus últimos anos de vida.

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