A VIDA E A LUTA DOS JORNAIS (E RÁDIOS) DE ARAPIRACA







Os meios de comunicação de massa, de Arapiraca, mais especificamente rádios e jornais, nasceram de forma precária, com a força do idealismo de jovens da época e pessoas levadas por interesse no incentivo da política partidária. Não muito diferente de outros lugares do país, o trabalho desenvolvido visando o estabelecimento de um sistema de som na cidade, o tradicional serviço de alto-falante, teve início por volta da década de 1950, por iniciativa da então jovem Cyra Ribeiro, atual notária, tabeliã pública com cartório na Rua Lúcio Roberto, centro da cidade.

Após instalar seu serviço de som, estreiando como a primeira locutora da cidade, ao que parece ela não se entusiasmou com o projeto e o negociou com José de Sá, conhecido radialista atuante na Rádio Nordeste AM, que entusiasticamente tocou para frente a iniciativa e obteve sucesso, fixando na história a sua marca de locutor comercial, apresentador de shows e diretor de emissoras nos anos seguintes. Já o jornalismo impresso, por sua vez, só deu sinais de existência em 1965, em plena ditadura militar, quando eu e o idealista padre Antônio Amorim, nos associamos e decidimos criar o primeiro órgão de imprensa local, que se chamou O PIONEIRO e foi ao mesmo tempo o número um do jornalismo na região.
Reunindo uma plêiade de jovens de idealismo incontestável e formação intelectual irrepreensível, juntamos nossas forças com Cícero de Oliveira Cruz,que foi nosso editor-chefe e que como estudante do antigo curso científico do Colégio Nossa Senhora do Bom Conselho possuía qualidades culturais excepcionais que o podiam projetar, com êxito, em qualquer grande jornal da nação. Após concluir seus estudos em Arapiraca, Cícero Cruz se tornou oficial da Força Aérea Brasileira (FAB), depois de se formar na Academia de Cadetes de Barbacena, Minas Gerais. Hoje aposentado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES, o ex-oficial Cruz e nosso ex-editor merecerá sempre o nosso respeito e admiração como um estudioso guerreiro e bravo defensor da cultura e dos valores nacionais. O PIONEIRO é o pilar do jornalismo arapiraquense, pois embora tenha surgido da potencialidade da juventude, com todo o entusiasmo amadorista, marcou a presença de uma turma que se identificou com os fatos da época, como Os Beatles, a guerra do Vietnã, a Bossa Nova, Jovem Guarda de Roberto Carlos e outros, deixando na história do município e da região o timbre indelével de quem nasceu para servir e valorizar o ser humano.

                                           Profissionalização 

Se em O PIONEIRO tivemos apenas o início da prova de fogo no jornalismo, que contamos ainda com a participação de José Ary de Oliveira, atual oficial (provavelmente aposentado) da Marinha, no Rio de Janeiro, que ocupou a secretaria de redação do jornal. Outras pessoas que estiveram conosco na luta para a manutenção do primeiro jornal, foram: Benedito Henrique (aposentado do Banco do Nordeste), José de Macedo Ferreira (suplente de senador), Durval Victal Barbosa (aposentado da Receita Federal), José Ventura Filho, atual advogado, Zezito Guedes (escritor, historiador, professor e escultor), alem de outros que nos fogem da memória. O PIONEIRO teve pequena duração, cerca de dois anos, pois com o advento da revolução de 1964, fomos forçados a abandonar o projeto, já que o jornal era impresso na gráfica oficial do estado (Diário Oficial) e apesar de ter pequena tiragem mensal, o interventor de Alagoas da época, general João Batista Tubino, proibiu que o periódico continuasse sendo impresso na instituição.

Depois do primeiro,o segundo jornal mais  importante da cidade foi a Folha de Arapiraca que tinha como editor o jornalista Nilton de Oliveira (falecido), que trabalhou ainda nos jornais do Recife e Maceió. Na folha eu trabalhei ao lado do jornalista Manoel Ferreira Lyra,formado na Universidade Federal da Bahia que depois exerceu o cargo de procurador da Assembleia Legislativa de Alagoas, após ter se formado também em Direito. A Folha de Arapiraca durou um ano,em197O. Anos depois sugiram outros periódicos como o  Jornal da Cidade, Jornal Opção, do jornalista Roberto Baia, em parceria com o empresário Álvaro Lyra, Jornal do Agreste, do ex-deputado Ismael Pereira, do qual fui também editor, Folha do Agreste, do ex-deputado Nascimento Leão, que me entregou a editoria, isto entre l978 a 1985. O Jornal de Arapiraca, idealizado pelo Jornal de Alagoas, dos Diários Associados, foi outro que teve curta duração, cerca de dois anos.Roberto Baia foi o primeiro editor, eu o segundo.

Após esse período, quando então deixei a Gazeta de Alagoas, como chefe de reportagem na região e saído do Jornal de Alagoas, resolvi fundar o meu próprio jornal, em 1992, o JORNAL DO POVO, que o mantive até 1996, mesmo concorrendo com o jornal Opção, de Roberto Baia e empresário Álvaro Lyra, além de sofrer com a disputa do periódico Estado de Alagoas, bancado pelo ex-deputado Talvane Albuquerque e dirigido pelo cronista social, Aroldo Marques. O semanário Novo Nordeste veio a seguir.
Polarizando a minha vida profissional no jornalismo novo, atuante, eficiente e dinâmico, vi surgir em Arapiraca o primeiro jornal diário local, o Jornal de Arapiraca, bancado pelos Diários Associados e impresso no Diário de Pernambuco, com um esquema logístico que prometia ser a promessa do profissionalismo definitivo arapiraquense. Foi só promessa. Não durou mais de dois anos. Nele trabalhei ao lado do Roberto Baia, Ródio Nogueira (falecido recentemente em Maceió) e outros conhecidos amigos da imprensa alagoana. 

Os dois maiores e mais importantes jornais desta cidade foram a Folha de Arapiraca, 1970, que tinha Nilton de Oliveira como editor e o Jornal de Arapiraca, 1988, subsidiado pelo Diário de Pernambuco com circulação de terça-feira a domingo. Se a Folha de Arapiraca, que foi dirigida também pelo advogado, promotor de justiça e juiz de direito, Geraldo Lima Silva, por menos de um ano, todos os demais periódicos que surgiram não passaram de aventuras. É que a base econômica e política da cidade e região opta mais por investir na publicidade externa do que na local. Ainda mais porque o usuário daqui "é mais de ouvir do que ler", como falava constantemente Geraldo de Lima e Silva, estudioso de várias temáticas. Somente agora, na era da computação, é que a multimídia começa a superar os obstáculos na comunicação da região, por se tratar de um processo de baixo custo, fácil de ser implantado e que pode utilizar qualquer tipo de mão de obra, sem ser necessário ser jornalista ou radialista, nem exigir qualificação profissional de outras áreas. Basta a pessoa saber digitar e ter noção dos segredos do computador. É por isso que o jornalismo eletrônico domina todos os setores e ganha a preferência generalizada do novo público que navega na rede mundial de computadores e se adapta muito bem aos parâmetros do jornalismo eletrônico.

Esta é história do jornalismo impresso de Arapiraca. Quanto aos veículos de radio difusão, esse sistema ganhou fácil a adesão do público, a partir dos alto-falantes e a instalação da primeira emissora de rádio montada pelo radialista, José de Sá, que montou a sua Rádio Tupã, em uma sala de sua casa na Praça Marques da Silva, em meados dos anos de 1950. Anos depois apareceu outra rádio, de pouca penetração regional, dirigida pelo técnico de rádio, o Ferreira, que ocupou uma sala de primeiro andar vizinha à casa do José de Sá, na Praça Marques. A emissora tinha o nome do dono e causou muita polêmica, pela falta de ética e desrespeito ao público. Depois veio a Rádio Cultura, do ex-deputado Claudenor de Albuquerque Lima, antes da revolução de 1964, que mobilizava suas forças na defesa de sua vida pública. A Cultura de então mantinha um programa aos sábados (ao meio dia), com o jornalista Castro Filho, ex-integrante da Rádio Difusora, que se baseava em "detonar" os políticos adversários com todo vigor, sem medir palavras, "doa a quem doer".

Novo Nordeste, a pioneira da cidade

A revolução fechou a Cultura que tinha José de Sá como diretor artístico. A Arapiraca Antena de Publicidade, patrocinada pela prefeitura, na gestão do ex-prefeito Francisco Pereira, foi autorizada com permissão para se regularizar. Como não conseguiu atender as exigências, foi fechada depois de mais de cinco anos. A atual Radio Novo Nordeste AM, fundada em 1975, foi a primeira emissora oficializada a funcionar na cidade gracas a criacao de uma sociedade formada por um grupo de empresários e hoje comandada por Aurelino Ferreira Barbosa, que mantem a RNN, como a mais democrática do Brasil, na qual falam pobres e ricos, feios e bonitos, trabalhadores, empresários, estudantes, políticos de todos os credos e religiões. Esta  a base do seu sucesso junto ao publico. Acho que depois de passar pelas redacoes de jornais de Alagoas, Jornal do Commercio e Diário de Pernambuco (Recife) eu já posso contar os detalhes do jornalismo sem rodeios e sem censura.

                                   

             

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