DOUTOR EM AGRONOMIA AFIRMA QUE A SECA É DESASTROSA PARA A ECONOMIA E MEIO AMBIENTE

Prof. Dácio Brito
"Só quem visita o sertão pode perceber os danos que a seca está causando à região nos aspectos sociais, econômicos e ambientais. O planeta sofre com seus ciclos naturais, é agredido com as ações da perversidade humana. O aquecimento global, provocado por gases tóxicos na atmosfera e desmatamento, potencializam a dramaticidade da dor que ameaça a terra", explica o doutor em agronomia e ex-reitor da Universidade Estadual de Alagoas - UNEAL, Dácio Rocha Brito (52), casado, pai de três filhos, atual professor de Fisiologia Vegetal Anatomia e Morfologia Vegetal da Universidade. É também coordenador do grupo de pesquisas de "Plantas Forrageiras para o Semiárido" e do laboratório de Ciências Naturais da instituição. "A agricultura brasileira é essencial para equilibrar a economia na balança comercial. Os produtos transgênicos devem merecer atenção especial quando forem modificados por características que não visem a exclusividade para melhoria do produto, como controle de pragas e ervas daninhas nas plantas cultivadas, por exemplo e devem ser vistos de forma bastante crítica, mas os produtos que mantêm qualidade de consumo com aumento da quantidade de vitaminas e proteínas no feijão, devem ser motivo de pesquisa porque sem dúvidas trarão benefícios aos consumidores", alerta. Ele acha que o agronegócio deve se especializar cada vez mais para atender as necessidades externas e internas, enquanto a produtividade agrícola deve crescer de forma responsável, ambientalmente e tratar com atenção rigorosa o desmatamento. "A pecuária bovina em regiões como o nordeste, deve ser repensada, com maior atenção no semiárido, porque as crias bovinas em relação aos rebanhos caprinos vão ter dificuldade de sobrevivência. O nordeste tem que limitar suas áreas aptas à criação de gado bovino, porque fica muito difícil para a região produzir carne de gado bovino nas condições ambientais do momento quando comparadas ao centro-oeste", afirmou.




A AGRICULTURA NO ANO NOVO

JR - Ser doutor no Brasil é muito difícil, pelos altos custos do ensino, baixos salários dos professores, fragilidade da educação, enfrentamento dos educadores com os gestores, violência e desinteresse público em proporcionar mais investimento em favor do estudante. Ainda mais considerando que pesquisas na educação indicam que nas regiões pobres só surge um doutor em cidades com até mais de 40 mil habitantes e de 55 anos ou mais de existência. Imaginem que o delegado de Minas Gerais, Anderson Alcântara, defendeu uma tese de doutorado de Ciências Jurídicas, na Argentina, recentemente e pagou 20 mil reais. Se fosse no Brasil pagaria R$ 40 mil. O advogado Wilson dos Santos Filho vai pagar agora em janeiro, R$ 23 mil por um curso de mestrado em DireitoTributário, em Buenos Aires, Argentina. No Brasil, os semelhantes custariam entre R$ 40 a R$ 54 mil. Ele ainda alugou um apartamento perto da universidade por R$ 400 semanais e diz que o investimento vale a pena. Isto de acordo com a Escola Superior de Justiça - Esjus, que coordena os candidatos na procura de escolas. Como é que você encara esse problema no Brasil?
Dácio Brito - Não acho ser difícil, apesar de muitas vezes faltar apoio dos órgão governamentais para o desenvolvimento de pesquisas. No geral, o doutorado pode viabilizar ações dentro da universidade e fora dela,que poderão contribuir com melhorias de programas sociais para a população, desde que exista uma relação estreita entre as pesquisas desenvolvidas e as reais necessidades da comunidade. A presença de doutores em uma cidade, estado ou nação é essencial para o desenvolvimento da ciência e tecnologia.
JR - Quais são as previsões para a agricultura do Brasil em 2013?
Dácio Brito - A agricultura no Brasil vai bem. Tem sido essencial nas exportações do país graças ao desenvolvimento de novas plantas, na evolução do cultivo e diversas tecnologias que colocam o nosso país no topo da produção de alimentos.Problemas que estão surgindo com a agricultura no Brasil e no mundo, hoje, são relacionados com fatores climáticos,mas com a atual estrutura que o Brasil possui pouco se poderá fazer em 2013 para fugir dessa problemática.
JR - No seu entender,qual é a dimensão dos problemas da grande seca do momento para o país e mais para o semiárido nordestino?
Dácio Brito - As consequências dessa seca para o Brasil e o nordeste são desastrosas. Basta visitar a região sertaneja,o centro do semiárido, para se ter uma noção dos efeitos danosos da estiagem nos aspectos sociais, econômicoe ambientais. As emissões de gases tóxicos no espaço, desmatamento e as agressões ambientais potencializam o aquecimento com os resultados catastróficos que testemunhamos.É muito grave a situação para os animais e lamentavelmente calamitosa para o povo.
JR - O que a ciência pode reservar para o Brasil, de agora para frente,nos programas de combate à fome?
Dácio Bito - O combate à fome não passa exclusivamente pela agropecuária. Até porque o Brasil produz alimentos suficientes para manter a sua população. A questão da fome está intimamente relacionada com a corrupção política. Agora, com a distribuição de renda mais justa,com educação da população e com um bom programa de combate à pobreza, em definitivo, sem medidas paliativas, certamente estaremos mais pertos de derrotar a fome e a miséria do Brasil. No nordeste existe algo triste e constrangedor, para nós, que é a falta de água para beber. No caso de Alagoas temos, margeando o Estado, o rio São Francisco, que não deixa de ter água e poucos quilômetros adiante tem pessoas com sede e animais morrendo por falta de água.
JR - Obrigado, doutor Dácio Brito, por esta entrevista concedida com exclusividade a este blog. Feliz 2013! Sucesso no seu trabalho, nas aulas e pesquisas que você desenvolve na universidade.
Dácio Brito - Estamos às ordens. Aguardamos com esperança um ano novo de paz, saúde e prosperidade para a nossa população, autoridades e a classe estudantil, que trabalha por dias melhores no futuro. Faço votos que os nossos estudantes atinjam seus objetivos com pensamento positivo, de cabeça erguida. Felicidade também para os nossos agricultores, que vivem o drama da seca no nordeste e inundações no centro-oeste, sul, norte e sudeste.

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