Cinéfilos devotos e espectadores ocasionais, críticos e leigos, hoje
todos concordam: Alfred Hitchcock (1899 – 1980) é sinônimo de grande
cinema. Mas o mestre do suspense nem sempre foi uma unanimidade – a
trajetória do diretor inglês teve altos e baixos, sucessos e fracassos. Hitchcock (2012) leva para as telas um desses impasses: sob
maquiagem pesada e próteses que o engordaram para o papel, o ator
Anthony Hopkins faz um retrato do cineasta diante de dúvidas quanto ao
futuro da carreira e do casamento durante a rodagem de Psicose (1960). Baseado no livro de Stephen Rebello sobre os bastidores de Psicose,
o roteiro de John J. McLaughlin conta o nascimento desse clássico sob o
prisma do relacionamento de Hitchcock com sua mulher e colaboradora: a
assistente de direção, roteirista e montadora Alma Reville (1899 –
1982).
O grande trunfo de Hitchcock é o elenco: dois dos maiores
atores britânicos da atualidade, Anthony Hopkins e Helen Mirren encarnam
com inteligência e espírito o célebre casal, brilhando juntos em
diálogos ácidos e humorados – ainda que Sir Hopkins às vezes pareça
fisicamente preso embaixo da maquiagem. Já a linda Scarlett Johansson
evoca com graça e impressionante semelhança a estrela Janet Leigh.
Merecem destaque ainda a música de Danny Elfman, que ecoa as trilhas que
Bernard Herrmann escrevia para os filmes de Hitchcock, e as recriações
das divertidas aparições do cineasta em sua série de TV.
Mas a narrativa carece de sutileza, explicitando de maneira
óbvia demais os sentimentos e impasses dos personagens, subestimando a
intuição e a capacidade de dedução do espectador. Falta Hitchcock em Hitchcock.
Drama, EUA, 2012.
Duração: 98 minutos.
Classificação: 12 anos.
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| Anthony Hopkins como Alfred Hitchcock |
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