Se a população das cidades brasileiras reclama da falta de água na época atual, desconhecendo as razões do problema e as dificuldades que os gestores públicos sempre encontraram para solucionar o abastecimento, imaginem o que acontecia no século 19, por volta do ano
de 1898, quando não havia escassez, mas abundância geral do
produto,enquanto por outro lado as autoridade de então não possuíam condições técnicas e financeiras para resolver todas as dificuldades simultaneamente.
Os obstáculos causados pela precaridade do abastecimento no Rio de Janeiro, por exemplo, foram reclamadas pelo crítico e historiador literário José Veríssimo (José Dias de matos Veríssimo - 1857, PA.-1916), autor de Cenas da Vida Amazônica e História
da Literatura Brasileira, ao seu amigo, o romancista Machado de Assis (Joaquim Maria Machado de Asis, 1839 - RJ -1908), autor de inúmeras obras
tais como Quincas Borbas, Dom Casmurro, Esaú e Jacó e outras.
Ao enviar uma carta a Machado de Assis, datada de 26-12-1898, do Rio de Janeiro, José Veríssimo assim se explica: "Meu caro Machado. Vários são os motivos desta, dos quais o primeiro é dizer-lhe que saudades suas são mato - já vê que entro a falar língua de matuto - e que enorme é o desejo de vê-lo e conversá-lo.
Outro é pedir-lhe que interponha os seus bons ofícios perante quem competir para que nós, pobres moradores da Boca do Mato, no Meyer, tenhamos água em maior abundância e em horas menos impróprias.Imagine V. que eu moro à Rua Lins de Vasconcelos, 30, apenas tenho água nas terças, sextas e domingos - mas que essa água, mais escassa que a do Oreb, apenas começa a correr às 10 horas da noite, obrigando a ter um criado acordado às vezes até uma hora para aproveitá-la, conduzindo-a para vários depósitos. Eu quisera, pelo menos, mais um dia de água e que ela nos fosse fornecida de dia, ou sequer a horas mais próprias. Imagina V. um roceiro sem água? Por quem é, proteja as batatas que estou plantando. Seu, como sabe, José Veríssimo".
Ao enviar uma carta a Machado de Assis, datada de 26-12-1898, do Rio de Janeiro, José Veríssimo assim se explica: "Meu caro Machado. Vários são os motivos desta, dos quais o primeiro é dizer-lhe que saudades suas são mato - já vê que entro a falar língua de matuto - e que enorme é o desejo de vê-lo e conversá-lo.
Outro é pedir-lhe que interponha os seus bons ofícios perante quem competir para que nós, pobres moradores da Boca do Mato, no Meyer, tenhamos água em maior abundância e em horas menos impróprias.Imagine V. que eu moro à Rua Lins de Vasconcelos, 30, apenas tenho água nas terças, sextas e domingos - mas que essa água, mais escassa que a do Oreb, apenas começa a correr às 10 horas da noite, obrigando a ter um criado acordado às vezes até uma hora para aproveitá-la, conduzindo-a para vários depósitos. Eu quisera, pelo menos, mais um dia de água e que ela nos fosse fornecida de dia, ou sequer a horas mais próprias. Imagina V. um roceiro sem água? Por quem é, proteja as batatas que estou plantando. Seu, como sabe, José Veríssimo".
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