"Alí onde o mar quebra um cachão
Rugidor e monótono, e os ventos
Erguem pelo areal os seus lamentos,
Alí se há de enterrar meu coração.
Queimem-no os sóis da adusta solidão
Na fornalha do esio, em dias lentos:
Depois, no inverno, os sopros violentos
Lhe revolvam em torno o árido chão...
Até que se desfaça e, já tornado
Em impalpável pó, seja levado
Nos turbilhões que o vento levantar...
Com suas lutas, seu cansado anseio,
Seu louco amor, dissolva-se no seio
Desse infecundo, desse amargo mar".
Rugidor e monótono, e os ventos
Erguem pelo areal os seus lamentos,
Alí se há de enterrar meu coração.
Queimem-no os sóis da adusta solidão
Na fornalha do esio, em dias lentos:
Depois, no inverno, os sopros violentos
Lhe revolvam em torno o árido chão...
Até que se desfaça e, já tornado
Em impalpável pó, seja levado
Nos turbilhões que o vento levantar...
Com suas lutas, seu cansado anseio,
Seu louco amor, dissolva-se no seio
Desse infecundo, desse amargo mar".
Antero de Quental - Antero Tarqüinio de Quental (1842,
Açores, Portugal - l891) - Sonetos Completos
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