TRAGÉDIA NÃO MARCA HORA

(Reprodução)
Algumas vítimas da covardia no RS.
Está na cultura do brasileiro: providências só depois do acontecido. Vem ocorrendo há dezenas de anos. Os desastres se multiplicam. Caem edifícios, barreiras deslizam, pontes desabam, arranha-céus pegam fogo, centenas de mortos e feridos. Os hospitais superlotam de acidentados. Pacientes se acumulam nas calçadas, estabelecimentos médicos se sobre carregam com inúmeras vítimas. Os números de casos são incontáveis, as estatísticas abarrotam os arquivos oficiais. Os órgãos de imprensa se inundam de tanta violência, com casos letais de fatalidade e irresponsabilidades de pessoas e autoridades que podiam pegar suas responsabilidades nos cargos que ocupam como gestores em órgãos públicos e privados. 
São incontáveis os desastres com vítimas fatais que poderiam ter sido evitados se alguém tivesse tido a coragem, vontade, capacidade para coibir abusos que diariamente causam volumosos problemas nos serviços médicos, policiais, sociais, envolvendo drogas com variados ítens de violência por ataques de ódio e virulentas agressões que terminam com mortos e feridos nos hospitais e os agressores nas cadeias.
Quem é que não conhece as ocorrências que todos os dias enchem as redações de jornais, rádios e televisões. E esses casos, em sua grande maioria, acontecem exatamente em locais que já estão na mira do público, focados pelas autoridades, como é o caso da tragédia na boate Kiss de Santa Maria, Rio Grande do Sul, em que são contados, até o momento, 235 mortos e 143 feridos, entre os quais 75 em estado crítico. Essa mortandade de gente no Rio Grande do Sul pode ser considerada uma "tragédia anunciada", porque é público e notório que a referida boate não poderia acomodar um público calculado em 1.600 pessoas, quando suas dependências estariam aptas a receber apenas cerca de 650 convidados, de acordo com relato das autoridades bastante anunciado. A morte não marca hora para acontecer. Basta apenas que alguém se apresente como motivador, para por fogo no estopim e explodir a bomba. Todo o Rio Grande do Sul sabe que a casa de shows de Santa Maria estava incapacitada para realizar o show com a banda dos fandangueiros ou, por outro lado, não poderia admitir que usassem fogos pirotécnicos no recinto, já que os sinalizadores que usaram são proibidos para uso interno. Ainda mais é imperdoável que um estabelecimento como a Kiss utilizasse um forro de isopor em seu teto, porque o produto é altamente inflamável e que de um momento para outro podia incendiar e matar todo mundo que lá estivesse em razão da grande toxicidade da sua fumaça.
O prefeito de Santa Maria, Cezar Schirmer, declarou que a documentação da boate estava legalizada. Por que não mandou fiscalizar o prédio antes do show, pelo menos, para impedir o uso de sinalizadores pelos músicos da banda, tirar o forro de isopor e instalar um extintor de incêndio, já que o que havia não funcionava? Por que não mandou instalar mais de uma porta de saída e outra de emergência no prédio?
É isso, gente: fácil é se defender, difícil é agir. Esse é o velho erro dos brasileiros, que costumam entrar no combate ao mal depois que centenas de vítimas inocentes são levadas para o cemitério por covardia dos que não tiveram coragem para se impor, afim de evitar essas barbaridades. Esse é o protesto de todos os brasileiros!

Nenhum comentário:

Postar um comentário