MANDIOCAS IMPORTADAS DE SÃO PAULO E PARANÁ AFASTAM ESCASSEZ DE FARINHA



A onda de seca que castiga o nordeste e as lavouras da época, especialmente a mandioca, provocou uma crise sem precedentes no abastecimento do produto na região de Arapiraca. Mas por enquanto esse problema está afastado temporariamente com a importação da raiz de São Paulo e Paraná. O abastecimento atende em parte as necessidades dos consumidores, que vinham comprando farinha produzida na região a preços que chegavam a R$ 9 o quilo. Com os carregamentos vindos do sul,  os preços começaram a cair, principalmente nas feiras, com tabelas que variam entre R$ 4,50 a R$ 6  Já a tonelada de mandioca da região sofreu reajuste de preços de R$ 900,00 para R$ 1.100, enquanto a que está sendo comprada no Paraná e São Paulo chega a preço de R$ 800,00 por tonelada. Os usuários ainda não se adaptaram ao produto porque acham que a nova farinha não tem sabor, é muito fina e não consegue satisfazer integralmente o apetite dos degustadores.
A produção mais conhecida em Arapiraca provém do distrito de Mata Limpa, que pertence ao vizinho município de Lagoa da Canoa e tradicionalmente abastece o comércio com raízes que atendem ao consumidor em preço e qualidade.
O comerciante José Ancelmo Barbosa, 59 anos, casado, que negocia 200 quilos de farinha de mandioca por feira, toda semana, informou que se nos próximos 30 dias não chover o suficiente para recuperar as ultimas reservas da lavoura, que ainda resistem à
seca, todo o restante da safra será totalmente dizimado e a população será obrigada a consumir unicamente o alimento sulista.
Ele afirmou que o público não gosta do produto de fora porque a mandioca chega com atraso de três dias, após a colheita, fato que prejudica muito a qualidade da mercadoria e afasta o consumidor.
Por outra parte, o vendedor Enoque Januário dos Santos, 43 anos, casado, que trabalha no ramo há 10 anos, disse que negocia mil quilos da mercadoria por semana e que o que acontece atualmente com a safra de mandioca é algo inacreditável: os preços subiram a níveis nunca vistos antes, a lavoura foi praticamente destruída pelo sol causticante e não se vê perspectivas de melhora para a safra do ano que vem.
Enoque chamou a atenção para o fato de um quilo de farinha de CR$ 6,00, ter o valor de três quilos de açúcar cristal, ou dois quilos de arroz parboilizado e uma caixa de fósforo. "Isso nunca existiu, pois a farinha de mandioca sempre foi alimento das pessoas de baixa renda e nunca chegou a R$ 2,00. Agora chegando a R$ 6,00 (e já esteve a R$ 9,00) é surpreendente", reclamou.
Todas as previsões sobre a safra de mandioca este ano foram contrárias ao que se supunha. A Câmara Setorial da Mandioca, entidade que engloba se não todos ou quase todos os produtores da região do agreste de Alagoas, havia previsto que 35% da safra deste ano seriam perdidos com a estiagem nos 14 municípios que cultivam a lavoura. Ao invés disso, os agricultores acham que das 18 toneladas que se produziam há cerca de 10 anos, por hectare, este ano não se colherão 50%.e se não houver mudança profunda no clima Alagoas e o nordeste deixarão de fazer parte da lista de produtores desse importante alimento.

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