Dona Josefa Alves, 23 anos de feira
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Amendoim, R$ 4,00 a "lata" de 900 ml, vendido em várias feiras de Arapiraca
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O péssimo desempenho da economia nos últimos anos vinha sendo uma preocupação para os grandes empresários de corporações, grupos de empresas de vendas em grosso e distribuição de gêneros em todo o país, assim como estabelecimentos comerciais, redes hoteleiras, turismo, viagens e negócios diversificados. Agora, entretanto, o desaceleramento elevado do setor econômico agravou a crise nos médios e pequenos negócios em Arapiraca e praticamente em todo o Estado de Alagoas. Os estabelecimentos do comércio de alimentos e no varejo, da cidade, foram atingidos em massa com a indisposição do público consumidor em aumentar as compras domésticas necessárias à manutenção das famílias. É que as pessoas de média e baixa renda vinham dando preferência nas compras aos supermercados, por seus preços variados e aceitáveis no varejo. Como, porém, o desemprego, baixo rendimento, com pouco dinheiro em circulação, pequeno poder aquisitivo e de um modo geral o povo ficando mais pobre a cada dia, a barra ficou pesada, difícil de se viver. As pessoas que não têm noção das dificuldades da inflação, medida pelo custo de vida, não se ligam na problemática que os pais e mães de família encontram quando saem de casa para adquirir mantimentos e gêneros para reforçar a cozinha. Só se sabe realmente quanto custam os alimentos e outros produtos para casa quando se vai à feira livre ou aos supermercados. Lá o consumidor vai ter uma ideia real do valor da sua economia. Enquanto os empresários passam momentos difíceis, os pequenos e médios donos de negócios, inclusive os bares e restaurantes populares sobrevivem à duras penas. Até o restaurante popular da cidade, mantido pela prefeitura no centro de Arapiraca (Praça Manoel André) em convênio com o governo federal, não suportou a crise e fechou as portas.
QUANTO CUSTA O SEU DINHEIRO?
Os comerciantes dos supermercados e os feirantes que trabalham no comércio varejista de alimentos e gêneros de utilidade doméstica se preocupam em manter o bom relacionamento com a clientela, para fazer bons negócios, mas esse fator não interessa ao consumidor, que está mesmo interessado é em investir de acordo com a sua reserva financeira. Então, ao adentrar na feira ou supermercado, ele vai encontrar no momento, feijão carioca (quilo) a RS 5,00 e R$ 6,00, feijão vage roxa, R$ 12,00, macaxeira, R$ 2,00, batata doce, R$ 3,00 o quilo, carne de galinha abatida, R$ 9,00, carne de boi R$ 16,00 (patinho), carne de porco, dianteira, R$ 15,00, batatinha, R$ 2,50, tomate, R$ 2,50, peixe (pescada), R$ 12,00, pilombeta (quilo), R$ 20,00, alface (pé) R$ 1,00, banana maçã, R$ 12,00 (a dúzia), feijão de corda verde (uma lata de 900 ml, menos de um quilo), R$ 6,00, farinha de mandioca, R$ 5,00, produzida em Arapiraca e vendida a granel em sacos de 50 quilos Uva, R$ 4,00 e R$ 5,00 o quilo, cenoura, R$ 3,00. Ao fim, o cliente tem que pechinchar, com o cuidado de não tentar passar a perna no comerciante, em se fazer de bobo. Na hora das compras é que se tem um julgamento correto do valor do dinheiro ganho com o suor do trabalho. "Aí a gente aprende a economizar", como diz a professora de culinária, Maria do Carmo Santos.
Ao fim das compras, o consumidor vai concluir que o dinheiro do seu bolso está desvalorizado, difícil de ganhar, enquanto as mercadorias sobem mais do que o previsto, por causa da inflação.
OS FEIRANTES PAGAM A CONTA
Os vendedores dos gêneros alimentícios (frutas, legumes e verduras) da feira de Arapiraca, às segundas, estão pagando caro para sobreviver no ramo. A feira da maior cidade do interior alagoano já foi uma das maiores do nordeste. No entanto, está perdendo sua força ,porque além da crise, tem por concorrentes os supermercados e outras feiras que funcionam em dias diferentes em vários bairros, como o Brasília, Canafístula, Baixão, Rua N. S. da Salete, Canaã, Vila São José, Rua São Paulo e no bairro Primavera, também aos domingos.
A vendedora de frutas e legumes, Josefa Alves (57 anos), casada, mãe de um filho, que há 23 anos trabalha no mesmo lugar, às segundas-feiras, está muito triste com os prejuízos da crise. Ela e os demais feirantes pagam R$ 14,00 para manter o ponto com uma banca, semanalmente. Para ter direito a trabalhar na feira, ela é obrigada a pagar R$ 10,00, pela banca e R$ 4,00 pelo direito ao ponto. Se acontecer de ela não comparecer, tem que pagar de qualquer forma. Se deixar de cumprir o compromisso é expulsa da feira e substituída por outra pessoa, afirma Josefa Alves. "Vou abandonar a feira, não aguento mais. Tenho de tratar da minha saúde por causa das dores que tenho nos ossos, uma hérnia de disco e um "bico de papagaio", conta ela à reportagem deste blog, se lamentando.
Já a dona da pequena lanchonete "Limão Verde", na Rua Pedro Leão, no bairro Baixão, Maria Edneide, 44 anos, mãe de dois filhos, vende uma refeição "quentinha", por R$ 6,99. Ela disse que o movimento caiu de tal forma que chega a pensar em desistir do negócio. "As vendas estavam baixas e com as fortes chuvas que desabaram nos últimos dias, parou tudo. Não se vende nada"! Desabafou.
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