Quando eu vivia no período da minha pré-adolescência
escutei por várias vezes os mais velhos contar uma história sobre a existência
de um jogador de futebol que marcou época pela violência de seus chutes.
Apelidado de Zezé. o jovem era atacante e com seus 19 anos raramente perdia um
gol quando disparava contra a trave adversária, a menos que a bola fosse para a
linha de fundo. Atuando como amador na região, o jovem tinha uma qualidade
inigualável devido a força dos pés ao chutar. Calculava-se que ao
chutar,a bola disparava a uma velocidade igual ou próxima a uma bala de
revólver, com cerca de duzentos quilômetros por hora. Era um fenômeno, pois
"tinha a força do super homem nos pés", falavam frequentemente os admiradores
de Zezé, que o tinham como ídolo. Contava-se que ele podia não ser um grande
driblador ao estilo Mané Garrincha, mas a sua qualidade estava na força dos
chutes, que impressionava. A fama de Zezé se espalhou de tal forma no interior
que nenhum goleiro se arriscava a tentar pegar um pênalti cobrado por ele. Um
dia, porém, um irmão do super atleta, que jogava em outra equipe se fez de
herói para tentar evitar um gol de Zezé na cobrança de um pênalti. Durante a
partida, Zezé avisou ao irmão, conhecido por Israel: "Se houver um pênalti
e eu for cobrar você sai da trave. Fique longe porque se for segurar o meu
chute com certeza você morre". O irmão riu e ainda zombou: "Você
pode ser tudo para outros. Para mim, não. Eu não saio da trave e ainda vou
segurar o seu chute", garantiu. Então aconteceu: no segundo tempo um
zagueiro do time de Israel passou a rasteira e derrubou Zezé na pequena área:
pênalti. Então Zezé se aproximou do irmão e renovou o apelo para Israel sair do
gol. "Nada", disse o goleiro desafiador, ao que Zezé lembrou:
"Você não me ouve, a responsabilidade é sua". E bateu. A bola disparou
do pé do goleador a velocidade de um tiro de pistola 45. Israel segurou e caiu
para dentro do gol, morto! Ao receber o impacto, o arqueiro caiu para dentro da
trave e com um esforço considerado quase impossível, conseguiu manter a
bola em cima da linha de gol, com a maior parte do corpo dentro. O chute
foi tão forte que a bola quebrou parte da caixa torácica e se alojou
perto do pulmão direito do jogador. O juiz chamou os bandeiras e
examinou o local. Viu que a bola não entrou e se encaixou no peito do
goleiro e parou na linha do gol. Zezé chegou perto do irmão e disse: "Não
te falei pra sair do gol, irmão?" O goleiro, arquejando, só teve tempo de
dizer: ”Mas você não fez o gol. Morro, feliz" Aí deu o último suspiro.
Esta é a história que eu ouvi e posso contar do goleiro herói.

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