Aos 73 anos e decepcionado |
Aos 12 anos, Bernardo Bertolucci se olhou no espelho e se imaginou
como John Wayne. Hoje, aos 73, ele está confinado a uma cadeira de
rodas, mas continua sendo uma figura imponente do cinema italiano.
Bertolucci anda muito desapontado com a Hollywood que tanto o inspirou,
e acha que séries de TV como “Mad Men” têm roteiros e direção de atores
melhores do que as produções da telona dos EUA.
O cineasta discutiu o seu caso de amor com a cultura norte-americana, e
seu desdém pelo que Hollywood tem produzido atualmente, na noite de
anteontem, quando foi homenageado em Roma pela Academia Americana. “O
jazz foi a primeira música que escutei na vida, e jazz para mim
significava América”, disse Bertolucci à plateia no evento beneficente
de gala, destinado a angariar verbas para artistas.
A Academia homenageou Bertolucci com o prestigioso prêmio McKim, já
entregue anteriormente a personalidades como o maestro Riccardo Muti, o
compositor Ennio Morricone, o cineasta Franco Zeffirelli e o escrito
Umberto Eco. “Vi `No Tempo das Diligências´ e, para mim, John Ford virou
Homero”, disse ele sobre o clássico western de 1939, ano anterior ao
nascimento de Bertolucci, em Parma, no norte da Itália. “Eu ficava em
frente a um espelho de corpo inteiro e o que eu vi aos 12 anos não era
eu, era John Wayne”.
Mas, hoje, o diretor de filmes como “O Último Tango em Paris”, “O
Último Imperador”, “Beleza Roubada”, “Os Sonhadores” e “Novecento” acha
Hollywood deprimente.
“Minha geração teve um caso com a cultura norte-americana, sem dúvida. Um poste de rua e um hidrante de incêndio me fizeram cantar na chuva. Mas os filmes norte-americanos dos quais gosto atualmente não vêm dos estúdios de Hollywood e, sim, das séries de TV, como ‘Mad Men’, ‘Breaking Bad’, ‘The Americans’”, disse ele em entrevista após receber o prêmio.
“Minha geração teve um caso com a cultura norte-americana, sem dúvida. Um poste de rua e um hidrante de incêndio me fizeram cantar na chuva. Mas os filmes norte-americanos dos quais gosto atualmente não vêm dos estúdios de Hollywood e, sim, das séries de TV, como ‘Mad Men’, ‘Breaking Bad’, ‘The Americans’”, disse ele em entrevista após receber o prêmio.
“Gosto quando eles duram 13 episódios, mas aí vem uma nova série com
mais 13 episódios”, afirmou Bertolucci, rindo, ao comparar essa
estrutura com os folhetins publicados nos jornais no século XIX.
“Exceto por algumas poucas produções independentes que surgem nos
Estados Unidos, acho que tudo que vem de Hollywood é, em geral, muito
triste. Isso me entristece muito mesmo”, apontou o cineasta italiano.
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