AUTORES MAIS FAMOSOS DO BRASIL

A partir de hoje (30/01/2017), vou oferecer aos leitores deste blog uma coletânea de obras literárias produzidas nos últimos cem anos (até o presente) pelas maiores culturas que se tem conhecimento  no Brasil. São ensaios, poemas, contos, poesias, notícias e inúmeros textos por mim pesquisados como relíquias da minha biblioteca que, embora desorganizada, tem um valor histórico expressivo que deve chegar ao conhecimento de todos quantos desejarem aprofundar suas bases culturais. Antes de lançar as pesquisas peço a colaboração dos autores, editores, escritores e educadores, principalmente os professores Adalberto Prado e Silva, organizador do Novo Dicionário Brasileiro Melhoramentos e Fernandes Soares, Catedrático de Português do Instituto de Educação "Padre Anchieta", além do Instituto Brasileiro de Edições Pedagógicas, de São Paulo. Os textos são bastante sucintos para facilitar a compreensão dos leitores, porque os autores, em sua maioria responsáveis por versos e prosas escritos há mais de oitenta anos, usavam o português antigo.
Leiam o primeiro texto abaixo da série e tirem suas conclusões. Comentem e ofereçam sugestões.

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UM MONSTRO (Artur Azevedo)

Antes da última frase do marido, já Dona Eugênia estava caída  numa cadeira, soluçando, debulhada em lágrimas.
- Atira-me à cara o seu dinheiro! Lança-me em rosto a minha pobreza!
E, erguendo-se num ímpeto, a enxugar os olhos:
- Vou já, já para a casa de meu pai!...
- Para a minha casa?! Exclamou um velho que nesse momento entrou sem se fazer anunciar.
Era o pai de Dona Eugênia, o Rocha, um boêmio de sessenta anos, criatura inútil e visionária, que experimentara uma dúzia de meios de vida sem acertar em nenhum, e vivia agora de expedientes na Bolsa, fazendo uma concorrência ilegal aos corretores de profissão.
A filha, mal que o viu, atirou-se nos seus braços e desatou de novo a chorar.
- Mas, que é isto? Que é isto? Perguntou o velho, atônito.
- Esse homem é um monstro, disse ela entre soluços, apontando para o Lemos, que sorria, com um sorriso de mártir.
- Que te fez ele?
- Sou na realidade um monstro, explicou o marido. Imagine o senhor, meu sogro, que entrei hoje em casa quarenta minutos mais tarde que do costume e que, para aplacar a cólera da sua filha, fui obrigado a dizer-lhe que me demorei para servir um amigo.
- Um amigo que ele... livrou de uma penhora... e não me quis dizer que amigo foi... soluçou Dona Eugênia.
- Não te quis dizer? Digo-te eu, minha filha, respondeu o Rocha. Esse amigo fui eu! Teu marido, esse monstro, arranjou-me, sabe Deus como, dez contos de réis... não para evitar uma penhora... mas coisa pior. Eu vinha beijar-lhe as mãos, porque, se não fosse ele, sabes onde eu estaria agora, em vez de estar aqui? Na cadeia!
Dona Eugênia limpou as lágrimas fáceis e, sem mesmo olhar para o marido, teve esta frase seca e incisiva:
- Ele não fez mais que o seu dever,  porque o senhor é meu pai!





           

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