IMPRENSA, O 3º PODER


Imagem relacionada"A imprensa é terceiro poder da nação. Ela é os braços,os olhos e ouvidos do país. Sem imprensa a nação não sobrevive. Dela dependem a democracia dos governos, a sobrevivência nacional e a liberdade do povo. A imprensa bota e tira governos, denuncia a corrupção e modifica os sistemas de administração, política, economia. É inimiga número um da ditadura". É isso que o jornalista Natalício Norberto diz na abertura do seu livro," "Manual Prático do Jornalista" e foi com essas aulas ministradas em rítmo de absoluto profissionalismo didático que comecei a dar os primeiros passos à procura de emoções na arte de comunicar. A tese foi bem vinda pela crítica e a imprensa, porque estava de acordo com a época, em que o jornalismo funciova mais com  base cultural, mesclada de certo amadorismo, que como o profissionalismo  dos dias atuais. Foi exatamente nessa tempestade que decidi enfrentar as feras, fundando o primeiro jornal de Arapiraca e região, O Pioneiro, ao lado de amigos como Cícero Cruz (atualmente aposentado do BNDES  no Rio de Janeiro), Benedito Henrique, (aposentado do Banco do Nordeste), Ary de Oliveira (oficial da Marinha, hoje), Zezito Guedes, escultor, historiador, renomado homem de cultura e muitos outros.
Não durou muito tempo e a teoria de Natalício Norberto foi tragada pela revolução de 1964. Como acontece em  todo levante militar, a liberdade da imprensa é a primeira a ser amordaçada, com prisão dos jornalistas e fechamento dos jornais. O nosso O Pioneiro foi outra vítima da revolução. Fechou as portas em 1966, por ordem do general João Batista Tubino, interventor de Alagoas à época, que proibiu a gráfica do Diário Oficial do estado trabalhar com atividades privadas.(O Diário Oficial imprimia o nosso jornal por determinação do governo anterior, outro militar eleito com o voto popular, major do Exército Luiz Cavalcante, antes da revolução.
A força de terceiro poder, como dizia o educador, não foi levada em conta pelos militares, juizes e promotores, que ameaçavam os jornalistas de prisão a todo momento se as notícias não acordassem  com às fontes informativas. Conversei com o juiz Nelson Correia (neto do fundador de Arapiraca, Manoel André Correia) sobre inúmeros assuntos, inclusive quanto a tese de Natalicio Norberto. Ele discordou plenamente e pouco tempo depois foi transferido para Maceió, por decisão do Tribunal de Justiça do estado. Em outra época, mantive um encontro com a promotora de justiça, Sílvia Barbosa, minha professora de Direito Usual, no segundo ano de História e Geografia da Fundação de  Ensino Superior do Agreste de Alagoas, hoje Universidade Estadual de Alagoas - UNEAL. Ela expressou a mesma opinião do juiz.
Apesar do mundo que desabou sobre a  imprensa, causando enormes estragos à categoria, com mortes de jornalistas e fechamento de jornais, eu continuei a minha tragetória como correspondente do Diário de Pernambuco e Jornal do Commercio (Recife) nos anos seguintes, culminando com a minha contratação pelo jornal Gazeta de Alagoas para cumprir o período de quinze anos de serviço na comunicação social.

                    
PRISÕES E JORNAIS FECHADOS

Durante a revolução, os militares não consideraram o valor da imprensa e a liberdade de informações. Pouco tempo após a deflagração do movimento militar, o mundo caiu sobre os jornais, rádios e órgãos de informações, com prisões de dezenas de profissionais.
O jornalista Samuel Wainer, dono do popular jornal Última Hora, entrou em uma crise profunda e fechou a empresa nos primeiros anos do período militar. A Tribuna da Imprensa, fundada em 1949 por Carlos Werneck Lacerda, que aplaudiu a revolução, foi perseguido. Hélio Fernandes, outro profissional querido no Rio, havia adquirido a Tribuna da Imprensa em 1962, teve a sua candidatura a deputado federal pelo MDB impugnada e foi proibido de assinar qualquer matéria em seu jornal. Em 1967, ele passou a escrever
com o pseudônimo de João da Silva. A tribuna tinha  três grandes aspirações nacionais: desenvolvimento, nacionalização e democracia. Era considerado um jornal democrático. Mário Rodrigues Filho - Mário Filho, conhecido jornalista esportivo, dono do Jornal dos Sports, teve uma crise de saúde em 1966 e morreu,  deixando o jornal com o irmão herdeiro, Mário Júlio. O Jornal dos Sports era uma referência nacional nas artes e cultura e tinha como jornalistas e artistas Henfil, Zuenir Ventura, Torquato Neto e Ana Arruda Callado. O jornal fechou em 2008. Outro jornal que viveu um drama de profunda crueldade foi o Correio da Manhã, fundado em 1901, fechou endividado em 1975 e teve seus bens leiloados, inclusive o prédio e todos os equipamentos da empresa. O proprietário do Correio,  Paulo Bittencourt, pregava liberdade e luta contra a corrupção. Foi preso com a diretora Niomar Moniz Sodré Bittencourt e levados para um cárcere em Bangu. O redator-chefe, jornalista Osvaldo Pereira, foi outro a ser preso pelos militares que invadiram o Correio e o levaram  para Bangu,em 1969.
A imprensa nunca mais será como antes. Os militares acabaram com a liberdade de imprensa, censuraram as informações e fundaram as faculdades de comunicação, ao modelo americano, impedindo de trabalhar quem não tivesse diploma, mas abriu uma brecha de pouco prazo permitindo que os não diplomados em comunicação que tivessem mais de dez anos numa empresa fossem reconhecidos.
















Nenhum comentário:

Postar um comentário