“Ah, que bom seria se o dia tivesse 30 horas”. “Estou sem tempo agora”. “Vivo na correria”. “Não vai dar tempo”. “Tenho menos tempo atualmente que há tempos atrás”. “Não vou dar conta do que me foi confiado”, e tantas outras frases que pronunciamos ou ouvimos alguém dizer nos corredores das empresas, dentro de casa e nas reuniões de trabalho ou até mesmo dentro do ônibus, metrô… Gerir o tempo se tornou uma das tarefas mais imprescindíveis e difíceis na atualidade. É uma competência fundamental ainda não trabalhada de nossa parte. É um desafio maior que aprender novas atribuições.
A “não administração” correta do nosso tempo tem consequências diretas na evangelização. Gera stress no exercício de nosso apostolado, a nível comunitário e pessoal. Antes de tudo, é bom deixar claro que o tempo é criatura de Deus (Gn 1) e não nosso algoz ou adversário. Ele está a nosso serviço. Também é bom que saibamos que o tempo que temos é o necessário para sermos santos. Nem um minuto a mais ou um minuto a menos. Ele é suficiente para sermos santos.
Administrar adequadamente o tempo tem duas funções básicas: busca de eficácia no trabalho e melhor qualidade de vida.
Para administrar bem o nosso tempo, precisamos saber diferenciar o que é “importante” e o que é “urgente” em nossas vidas. Importantes são coisas que contribuem para que você atinja seus maiores objetivos na vida. Urgentes são aquelas que precisam ser feitas, mesmo que você não veja como podem se encaixar em seus objetivos mais abrangentes.
Um detalhe muito importante e que não pode faltar entre nós é uma compreensão de nossa missão, da função que nos foi confiada no trabalho, na Igreja, na Comunidade. Essa compreensão deve ser clara. Não pode haver lugar para a dúvida quanto a isso. Devo entender qual minha função e quais são minhas atribuições. Da mesma maneira, ao delegarmos uma função a alguém de nossa equipe, temos que fazer o mesmo: deixar claro sua função e suas atribuições. Além de termos de aprender a gerir nosso próprio tempo, temos de aprender a gerir o tempo alheio, fazer que os nossos liderados façam o mesmo.
Gerenciar o tempo passa por alguns caminhos fáceis de entender, mas de relativa dificuldade de aplicação. O primeiro problema é que temos de nos condicionar. O segundo, talvez, é como o regime, que começa na segunda e acaba na quarta-feira. Ou seja, não temos o hábito de dar seqüência às nossas ações. E, por fim, economizar tempo leva tempo.
Mas nem tudo está perdido. Existem alguns caminhos facilitadores:
Organizar/usar a agenda – Agendar os compromissos profissionais, apostólicos, comunitários e pessoais ao longo do ano, semestre, mês e semana. Criar o hábito de fazer a agenda da semana logo no Domingo. Colocar aqueles compromissos que pedem mais empenho e desenvoltura de sua parte nos primeiros dois dias da semana. Caso não dê certo você terá o restante dos dias para resolvê-los. A agenda precisa ser consultada sempre.
Buscar objetividade – Saber chegar à raiz do que é importante, evitar sobrecargas desnecessárias ou se perder em detalhes que não agregam valor.
Definir prioridades – Esta é talvez a habilidade mais difícil e também a mais importante para conseguir otimizar o tempo. Temos uma limitação natural de tempo (24 horas no dia e oito de trabalho) e uma quantidade de tarefas a desempenhar durante este tempo. Com a rotina, acabamos por não exercitar a habilidade de filtrar o que é importante, aquilo que realmente é importante.
Perguntas básicas:
- Você sabe o que vai fazer no trabalho hoje, quando chegar? E no dia seguinte?
- Quais suas metas para o ano que se inicia?
- Quais as maiores prioridades em sua vida hoje (nível pessoal, familiar e profissional)?
- Agendou seus compromissos ao longo da semana, mês, etc?
Trabalhar prioridades significa filtrar, selecionar e definir os elementos que são imprescindíveis naquele dia ou naquela semana. Ter bem claro qual será a nossa prioridade ou as prioridades, ter foco, direção.
Delegar – Dividir o fardo, contar com a ajuda de outras pessoas, evitando centralizar todas as decisões. Quem não consegue delegar acaba carregando um peso excessivo e chega um momento em que o trabalho simplesmente deixa de ser produtivo e o cansaço, desânimo e estresse elevado tomam conta.
Não assuma mais do que pode fazer, é preferível fazer menos mas com mais qualidade do que tentar abraçar o mundo e não conseguir o resultado esperado ou desejado. Nunca prometa o que não pode cumprir, isso fatalmente irá causar desgaste e sobrecarga a você.
Cuide do seu estado mental e físico – É muito importante cuidar da nossa cabeça. Descanse e faça exercícios. Perceba que, quando sua mente está mais tranquila e seu corpo mais relaxado, as tarefas fluem melhor. Permita-se ter momentos de tranquilidade e descanso periodicamente. Aqui vale a pena lembrar a importância das convivências, folgas (se possível, mensais), dias livres de lazer, saída com amigos, etc. Lembramos que também é necessário ter momentos de convivência com a equipe de trabalho, isso fortalece os laços fraternos.
Gastamos cerca de 70 a 80% do nosso tempo com funções que não agregam valor de forma substancial em nossa vida. Gastamos esse tempo resolvendo problemas menores e em geral perdemos de vista o que realmente é importante. Por fim, gerir o tempo deve considerar diversos outros pontos que devem ser avaliados relativamente à realidade de cada um. O ponto central é: desenvolva meios de ter uma melhor qualidade de vida. Afinal, só temos o hoje para amar a Deus e dar o melhor de nós naquilo que Ele nos confiou com tanto amor. O melhor tempo da nossa vida é o “hoje”, o “agora”.
Vanilton Lima
Comunidade Católica Shalom
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