Se o aquecimento global ainda não mostrou sua pior faceta, pode agradecer à ajuda da maior floresta tropical do mundo. Um novo estudo feito pela Nasa constata que a Amazônia absorve mais dióxido de carbono da atmosfera do que emite, o que contribui para frear as alterações no clima.
Esta descoberta resolve um debate de longa data sobre um
componente-chave do equilíbrio global de carbono da bacia amazônica. Um
debate que envolve a vida e a morte das árvores da floresta.
O ciclo é simples: ao crescerem, as árvores absorvem CO2 da atmosfera e
estocam o gás no caule, ao passo que ao morrerem liberam o gás de
efeito estufa de volta pela decomposição. A questão que por muito tempo
intrigou os cientistas era saber o real saldo dessa relação.
A pesquisa, publicada na revista Nature Communications,
nesta terça (18), é a primeira a medir as mortes de árvores causadas
por processos naturais em toda a floresta amazônica, mesmo em áreas
remotas.
Fernando Espírito Santo, do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA, em
Pasadena, Califórnia, e principal autor do estudo, criou novas técnicas
para analisar por satélite e outros dados o ciclo amazônico. Ele
descobriu que a cada ano, as árvores amazônicas mortas emitem cerca de
1,9 bilhão de toneladas de carbono para a atmosfera.
Para comparar isso com a absorção de carbono da Amazônia, os
pesquisadores usaram censos de crescimento da floresta e diferentes
cenários de modelagem. Em todos os cenários, a absorção de carbono pelas árvores vivas
compensa as emissões das árvores mortas, indicando que o efeito
predominante em florestas naturais da Amazônia é a absorção.
Até agora, os cientistas só tinham sido capaz de estimar o balanço de
carbono da Amazônia a partir de observações limitadas em áreas
florestais pequenas chamadas parcelas. Nessas parcelas, a floresta retira mais carbono do que emite, mas a
comunidade científica vem vigorosamente debatendo o quão bem as parcelas
representam todos os processos naturais na vasta região amazônica.
Esse debate começou com a descoberta, na década de 1990, de que grandes áreas da floresta podem ser “abatidas” por tempestades intensas em eventos chamados “blowdowns”.
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