Para quem ainda acredita em promessa política e se satisfaz com o que ouve dos candidatos, o jornal O Dia (Rio de Janeiro), lembrou a data dos 50 anos do golpe militar de 1964 veiculando hoje (15) uma pesquisa feita em assentamentos do Instituto Nacional de Reformar Agrária (INCRA) na qual constatou que, além dos graves problemas da terra, a reforma agrária prometida pelo ex-presidente João Goulart, o Jango, há 50 anos, nunca foi cumprida. "Reforma agrária na lei ou na marra", o lema entoado por grupos de trabalhadores rurais no Brasil desde os anos de 1950 dava o tom de urgência da divisão de terras no pais às vésperas do movimento militar de 1964. Repetido até hoje durante as ocupações de fazendas feitas por grupos como o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra - MST, o bordão mostra que a questão permanece. Há 50 anos, no comício na Central do Brasil (Rio), o ex-presidente João Goulart anunciou que iniciaria o processo de reforma agrária em meio ao seu projeto das Reformas de Base e foi além: assinou um decreto de desapropriação de terras localizadas às margens de rodovias, ferrovias e obras públicas. O jornal diz ter constatado que "permanecer na roça é um desafio tão grande quanto conseguir a sua posse". Aí vem o dilema: se ontem foi difícil, muito mais é hoje ver promessa cumprida.
"Estamos, sim, começando a reagir e seria pior se nos mostrássemos surdos aos reclamos da Nação que, de norte a sul, de leste a oeste, levanta o seu grande clamor pelas reformas de estrutura, sobretudo pela reforma agrária, que será como complemento da abolição do cativeiro para dezenas de milhões de brasileiros que vegetam no interior em revoltantes condições de miséria",disse Jango em seu discurso. Depois da promessa de Jango, foram criadas as Ligas Camponesas, que lutaram contra os militares por terras em todo o país. Em 1970 foi criado o Instituto Nacional de Colonização e Reformar e Agrária - INCRA. Com o fim da ditadura a questão voltou ao debate. De 1970 até hoje foram distribuídas terras 1.280.444 famílias, mas o MST - Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, acha que o total longe da necessidade. "A reformar agrária está parada porque o governo tem aliança com agronegócio", afirma.
João Pedro Stédille, fundador do MST. O movimento já fez várias tentativas de apropriação de um complexo de seis fazendas nos últimos 13 anos e 18 integrantes do MST morreram em conflitos decorrentes das disputas.
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