Estudo inédito da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), realizado em
parceria com a indústria farmacêutica Bayer, revelou que 51% dos homens
não vão ao médico com regularidade para manter uma rotina de exames
preventivos e ignoram informações que poderiam ajudar a conservar a
saúde. O trabalho avaliou as respostas de 3.500 homens acima de 40 anos
em sete cidades brasileiras. Estima-se que a população masculina
brasileira seja de 95 milhões, um terço deles acima dos 40 anos
(PNAD/IBGE, 2011).
Os resultados dessa pesquisa permitem algumas reflexões e conclusões. Se
um em cada dois brasileiros acima dos 40 anos evita conferir o estado
geral e o funcionamento do corpinho de vez em quando, significa que
apostam na sorte em vez de usar os recursos disponíveis para se prevenir
e evitar que o colesterol ou a pressão arterial elevada evoluam sem
controle até causar danos ao organismo. O mesmo vale para aqueles que se
sentem constrangidos diante de alguma disfunção sexual. Segundo os
especialistas, ainda são minoria os homens que conversam com médicos,
com as mulheres ou amigos sobre o tema antes que se torne por demais
evidente ou passe a se repetir. Mais um dado do levantamento da SBU é que 83% dos homens desconhecem os
possíveis sintomas da andropausa. Ela pode atingir até 20% dos homens
acima dos 45 anos. Corresponde a uma queda vertiginosa na produção de
testosterona, o hormônio responsável pelas características masculinas.
Quando isso ocorre, há falta de desejo sexual, perda de massa óssea e
cansaço exagerado, entre outros sinais. É fundamental diferenciar essa
condição da queda natural na quantidade da testosterona sentida a partir
dos 40 anos, mas de apenas 1% por ano, na média.
Também chamou minha atenção um comentário do médico Carlos Corradi,
presidente da SBU, sobre os homens que chegam até o consultório do
urologista. "Dos que vão ao médico, 90% são levados pela companheira.
Nesse ponto, a participação da mulher é muito importante. Elas têm papel
preponderante na prevenção de doenças como o câncer de próstata",
observa o médico. Apesar de não ser novidade que as mulheres se empenham
em fazer os homens ao seu redor cuidarem da saúde, essa observação me
deixou assustada. É transferência de responsabilidade demais para as
mulheres. No limite, significa empreender, ainda que à revelia, o
cuidado constante com a saúde do outro para que ele tenha boa qualidade
de vida nos anos que virão. Como se isso fosse possível.
Meninos, assim não vai. Seria bem legal vocês superarem os próprios
limites e se sentirem responsáveis pelo seu corpo inteiro e não por
algumas partes apenas. Isso pouparia às parceiras e amig@s o susto de
ajudá-los a correr atrás do prejuízo. Melhoraria a convivência e
diminuiria a tensão entre casais. Independentemente do gênero, ir ao
médico é chato, sala de espera é chato, perceber que alguns médicos não
sabem o que fazer com você e nem olham direito pra sua cara também é
chato. Optar por comida saudável e o cara preferir sempre a opção mais
trash também é cansativo. Porém mais chato do que tudo isso é cobrar o
outro, que finge que não é com ele, para que cuide do próprio corpo.
Estranho, não é?
Mônica Tarantino/ISTOÉ
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