Estão na região Nordeste os brasileiros
mais sensíveis a doar dinheiro para pedintes. A constatação não é
empírica, é um dos resultados da pesquisa Retrato da Doação no Brasil,
estudo que traça o perfil do brasileiro em relação às doações e causas
sociais.
Enquanto apenas 13% do total que é doado por
nordestinos são destinados a organizações da sociedade civil e 35% vão
para igrejas, os pedintes de rua recebem 40% das doações. Este é o
segundo maior percentual apontado na pesquisa e só fica atrás do índice
de ofertas para igrejas no bloco formado pelos moradores das regiões
Norte e Centro-Oeste (48%).
O desempenho do Nordeste chama
atenção, principalmente em um País onde as doações não são um hábito. De
acordo com a pesquisa, que foi realizada pelo Instituto para o
Desenvolvimento do Investimento Social (Idis) e a Ipsos Public Affairs,
os brasileiros não se sentem estimulados para a doação. Setenta e três
por cento dos entrevistados, por exemplo, afirmaram que seu círculo de
convivência (família, comunidade, escola e trabalho) não o incentiva a
tomar esta atitude.
Entre os motivos para a pouca disposição
em repartir bens encabeça a lista a falta de dinheiro. Cinquenta e oito
por cento dos entrevistados alegaram não dispor de recursos para doar.
Já 18% deles disseram que não doaram porque ninguém pediu e 12% por
falta de confiança nas organizações (veja gráfico nesta página).
Se
falta o hábito de doar, também falta o costume de pedir. A pesquisa
descobriu que 85% dos entrevistados não receberam nenhum pedido de
doação oriundo de organizações nos últimos 12 meses.
“Esse
resultado reforça a percepção de que há muito espaço para o crescimento
das doações, a partir de um trabalho de captação estruturado e
persistente”, analisa a diretora executiva do Idis, Paula Jancso
Fabiani. Um outro dado apontado pela pesquisa reforça o
potencial citado por Paula. Entre os entrevistados, 84% disseram
desconhecer mecanismos de doações dedutíveis do Imposto de Renda.
Perfis
A
pesquisa também ranqueou quais as principais causas que inspiram os
brasileiros a doar. Crianças estão em primeiro lugar (33%), seguidas de
idosos (18%), saúde (17%) e educação (7%).
Apesar de
pedintes e igrejas liderarem nacionalmente os destinos das doações (com
30% cada), existe uma diferença registrada pelo estudo em relação às
classes sociais. Proporcionalmente, os mais abastados doam mais para
organizações sociais que os das classes C, D e E.
A pesquisa
Retrato da Doação no Brasil, foi realizada em 70 municípios brasileiros,
sendo nove regiões metropolitanas, em três etapas: julho, outubro e
dezembro de 2013, a partir de entrevistas quantitativas com mil pessoas
em cada rodada. A margem de erro da pesquisa é de 3 pontos percentuais,
com coeficiente de confiança de 95%.
Fonte: O Povo online
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